Rio - Impulsionados pela recente onda de feminicídios cometidos na Rocinha, Zona Sul do Rio, moradores da comunidade vão promover um grande evento para pedir o fim da violência contra a mulher. A encontro acontecerá na Biblioteca Parque Estadual da Rocinha C4, neste sábado (13) às 16h. A biblioteca fica na Estrada da Gávea, 454, na região da Cachopa.
A proposta foi idealizada pela guia de turismo Merynha Sorriso, de 50 anos, em parceria com outras lideranças femininas da comunidade. Ela conta que a ideia de criar um evento para debater o tema surgiu em um grupo na Internet, após os crimes brutais que assustaram a Rocinha.
"Esse evento foi criado a partir de um grupo chamado Favela Zap, que nós temos aqui na Rocinha. E quando nós nos deparamos com essas mortes, nós começamos a nos mobilizar para fazer alguma coisa para que outros casos desses não aconteçam. Tivemos a ideia de fazer esse evento para tentar trazer a secretaria da mulher para cá. Com a secretaria, as mulheres teriam todo o tipo de atendimento tanto com a patrulha da Lei Maria da Penha, quanto com acompanhamento psicológico, apoio jurídico com advogadas, aí criamos esse encontro no sábado", contou.
"Convidamos a todos, inclusive os homens, porque os homens tem amigos, irmãos, parentes, então eles podem identificar se um amigo ou um parente dele age de maneira agressiva com a companheira, com a filha, ou até com a mãe, nunca sabemos. É importante conscientizar porque nós moramos em comunidade, todos pertos uns dos outros, as vezes a gente não presta atenção em uma atitude de um vizinho, de alguém próximo e isso poderia salvar vidas", continuou.
"O objetivo é abraçar homens, mulheres e trans. Recentemente assassinaram e esquartejaram um trans, que também foi um feminicídio, pois ela também é uma mulher. Temos que lutar para acabar com a violência contra pessoas trans também, não podemos ficar parados", finalizou Mery.
O evento terá a presença da PM, responsável pela patrulha da Lei Maria da Penha, Secretaria de Estado da Mulher, além de outros convidados. Após a roda de conversa, o grupo vai soltar balões com mensagens de paz e a frase "O amor não é sinônimo de violência"
Daniela Soares foi baleada pelo ex-companheiro, enquanto dormia com o filho mais velho. O suspeito entrou na casa e teria pedido ao adolescente que se retirasse do quarto para que ele conversasse com a mulher. Em seguida, o assassino atirou na cabeça da vítima, que ainda estava dormindo, e deixou a residência. Daniela deixou quatro filhos, sendo três com o assassino: dois gêmeos de 5 anos e uma menina de 7 anos, além do mais velho, fruto de outro relacionamento.
Um dia antes, no domingo (8), a faxineira Carmem Dias da Silva foi assassinada a golpes de faca pelo suposto namorado, que conseguiu fugir após o crime, mas foi preso horas depois por policiais da UPP Rocinha. Carmem deixou um filho de 5 anos.
No dia 29 de dezembro, o companheiro de Francisca Analice Mendes assassinou ela e a amiga, Stefany Alves de Paiva. As vítimas foram encontradas mortas dentro de uma casa na localidade conhecida como Roupa Suja, na Rocinha.
*Reportagem do estagiário Jorge de Mello, sob supervisão de Raphael Perucci
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