Durante a ação na Cidade de Deus, dois suspeitos foram presos com fuzil, rádio transmissor e drogas Reginaldo Pimenta / Agência O Dia
Em meio à guerra entre criminosos, Cidade de Deus e Gardênia Azul são alvos da PM
Na CDD, três suspeitos foram presos com um fuzil, rádio transmissor e drogas; comunidades vivem sob disputa por territórios travada pelo Comando Vermelho e milícia
Rio - Policiais do Comando de Operações Especiais (COE) realizaram, na manhã desta terça-feira (20), uma operação na Gardênia Azul e o 18° BPM (Jacarepaguá) faz uma ação na Cidade de Deus (CDD), na Zona Oeste. Segundo a Polícia Militar, três suspeitos foram presos com fuzil, rádio transmissor, um aparelho celular e drogas na CDD. As regiões vivem sob uma disputa por territórios travada pelos traficantes do Comando Vermelho (CV) e milicianos. Comunidades da Zona Norte e Baixada Fluminense também foram alvos de ações.
O DIA apurou que os presos, identificados como Luiz Henrique Mohamed e Rodrigo, o "RD", são suspeitos de integrar o tráfico do Complexo da Penha, na Zona Norte. No entanto, os homens também atuam na guerra da Zona Oeste. Na manhã desta terça-feira, após serem detidos, "RD", que tem sete anotações criminais e um mandado de prisão em aberto, e Mohamed, que veio do Mato Grosso do Sul, foram levados para a 32ª DP (Taquara), onde ficarão à disposição da Justiça.
Na última quinta-feira (15), a PM realizou uma operação emergencial na Cidade de Deus, para impedir uma nova etapa da disputa territorial entre traficantes e milicianos. Moradores relataram tiroteio e barricadas foram incendiadas. No dia 31 de janeiro, houve uma ação na comunidade contra criminosos envolvidos em disputas no Rio das Pedras e Gardênia Azul.
Essas guerras por território na Zona Oeste assustam constantemente moradores da Gardênia Azul. Na noite deste domingo (18), por exemplo, um intenso tiroteio causou pânico aos frequentadores do Uptown Barra. A PM informou que suspeitos armados estavam próximo ao shopping, mas os disparos partiram da comunidade. Já no último dia 12, dois milicianos foram presos pelo Batalhão de Choque (BPChq). No dia 8, uma pessoa morreu e outra foi baleada.
Há mais de um ano, favelas das zonas Norte e Oeste vivem uma guerra entre criminosos rivais e milícia. Sob forte influência de grupos paramilitares, a Zona Oeste têm sido palco de invasões do CV, que pretende expandir pontos de venda de drogas pela cidade. A disputa acontece pelos morros do Fubá e Campinho, Muzema, Rio das Pedras, Complexo da Covanca, além da Gardênia Azul, Praça Seca e Cidade de Deus.
Comunidades da Zona Norte e Baixada Fluminense
Na Zona Norte, militares do 16º BPM (Olaria), com o apoio do Núcleo de Apoio às Operações Especiais e do Grupamento Especial de Salvamento e Ações de Resgate (Gesar), estão atuando no Complexo de Israel, nas comunidades Cinco Bocas, Pica-Pau e Cidade Alta, em Parada de Lucas. A PM afirmou que o objetivo é coibir movimentações criminosas na região, mas, até o momento, não há registro de prisões ou apreensões.
O perfil Onde Tem Tiroteio (OTT) registrou disparos próximos à estação de trem de Parada de Lucas, às 8h14. Por conta dos tiros, o ramal Saracuruna foi afetado no trecho entre Central e Penha, além de Duque de Caxias e Saracuruna. Em nota, a SuperVia lamentou o transtorno, mas reforçou que a "segurança é a prioridade". Por volta das 10h, a circulação foi normalizada.
Já na Baixada Fluminense, o 15º BPM (Duque de Caxias), com o apoio do Gesar, está nas comunidades Badu, Rasta, Ana Clara e Rua 7, em Duque de Caxias. Na ação, dois homens foram presos na Rua Imperatriz Leopoldina, em Vila Urussai. Com eles, os agentes apreenderam duas armas, um rádio transmissor e grande quantidade de drogas.
Procurada, a Secretaria Municipal de Educação (SME) informou que, na região da Gardênia Azul, as unidades escolares estão atendendo normalmente. Na Cidade Alta, oito colégios foram impactados. Nas comunidades Cinco Bocas e Pica-pau, três escolas não abriram as portas.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), na Zona Norte, a Clínica da Família Joãosinho Trinta e o Centro Municipal de Saúde Iraci Lopes interromperam o funcionamento. Já o Centro Municipal de Saúde Hamilton Land e as clínicas da Família Bárbara Mosley de Souza e José Neves, na Zona Oeste, suspenderam apenas as atividades externas.
Em atualização
*Reportagem do estagiário Leonardo Marchetti, sob supervisão de Iuri Corsini
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.