A Polícia Civil investiga possíveis sucessores de PipitoRenan Areias / Agência O Dia

Rio - O delegado William Rodrigues, assistente da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco-IE), afirmou neste sábado (8) que a morte do miliciano Rui Paulo Gonçalves Estevão, o Pipito, ocorrida na noite desta sexta-feira (7), representa um duro golpe para o grupo paramilitar. Em entrevista na Cidade da Polícia, no Jacarezinho, Rodrigues deu mais detalhes da ação que terminou com a morte do bandido e revelou que o bando costumava trocar de carros constantemente para despistar os agentes.
"Foi um grande baque na estrutura da milícia. Nós conseguimos desarticular a milícia naquela região e agora partimos na investigação de eventuais sucessores", comemorou. Segundo ele, as buscas seguem para identificar possíveis sucessores do criminoso. "Estamos investigando quem seriam as possíveis sucessões, mas ainda não temos dados nesse sentido", disse.
Pipito morreu nesta sexta-feira (7) após confronto com os policiais civis na Favela do Rodo, em Santa Cruz, Zona Oeste. Ele era o sucessor de Luiz Antônio da Silva Braga, o Zinho, que foi preso em dezembro de 2023. 
Segundo o delegado, o alvo era investigado há muito tempo. O foragido trocava de carros frequentemente, o que atrapalhou as investigações. No entanto, o cerco foi realizado, com resistência por parte do miliciano, que contava com dois seguranças.
"A Draco monitorava esse elemento há muito tempo. O Pipito era um alvo prioritário da Polícia Civil. Ontem (sexta), conseguimos monitorar os veículos que ele se deslocava, três carros. Ele trocava de carro constantemente. Conseguimos localizar a casa onde ele se escondia a partir do último carro que ele utilizou. Nesse momento, decidimos fazer um cerco a esse imóvel. Logo de cara, dois dos seus seguranças foram presos, na porta. Já que o local é cercado, ele resistiu à prisão. Nos apresentamos como policiais e houve troca de tiro. Ele foi baleado no terraço e pulou pro terreno vizinho, até ser capturado pelas equipes."
William também falou sobre o material apreendido durante a ação. "Na porta da casa, foram apreendidas duas pistolas e uma quantidade grande de munição com os seguranças dele. Com o Pipito, foi apreendida uma pistola, vários carregadores, aparelhos celulares, contabilidade da milícia, material que eles usam na esfera criminal", disse.
O delegado falou sobre o histórico do bandido. "Pipito é um marginal que está na milícia mais ou menos desde 2017 e foi crescendo na hierarquia, em confiança com os antigos líderes, desde o Carlinhos Três Pontes, passando pelo Ecko, até o Zinho. Ele se aproximou de vez do Zinho com a morte do Faustão, que era sobrinho. O Pipito foi responsável por executar aquela ordem de queimar 35 ônibus na Zona Oeste quando o Faustão morreu. Matou inúmeras pessoas, possíveis sucessores, era um cara extremamente perigoso, violento. Tirá-lo de circulação representa um grande ganho para a sociedade e um grande baque para a milícia", lembrou.
Os seguranças presos na operação acumulam diversas passagens no mundo do crime. "São dois marginais. Um conta com 23 anotações criminais, vários mandados de prisão, o outro também. Homicídios, extorsões, participação em milícia... Eles foram presos armados saindo desse imóvel onde o Pipito foi encontrado", apontou William.
Pipito chegou morto ao hospital
Um vídeo mostrou o momento da chegada da viatura com o corpo de Rui ao Hospital Municipal Rocha Faria, em Campo Grande, Zona Oeste. Os dois seguranças do bandido desceram do carro algemados e por conta própria. Depois, Pipito é retirado por um policial já imóvel do veículo e colocado em uma maca. Confira:
Desordem após a morte
Depois do confronto, três ônibus foram sequestrados e utilizados como barricadas na Avenida Antares, em Santa Cruz. Um deles foi incendiado na altura do Caminho do Congo. De acordo com a Rio Ônibus, os coletivos operavam nas linhas 756 e LECD86.