Líder do grupo é conhecido como 'Pedro Dominador'Reprodução

Rio - A Justiça do Rio manteve, durante audiências de custódia realizadas na tarde deste sábado (8), as prisões de três acusados de integrarem uma quadrilha que extorquia e ameaçava clientes de garotos de programa. Segundo as investigações, o grupo chegou a extorquir mais de R$ 71 mil de uma pessoa que contratou os serviços sexuais de um dos criminosos.
A juíza Priscilla Macuco Ferreira realizou a audiência de Fábio dos Santos Pita Júnior, conhecido como Pedro Dominador ou Pedro Dom, apontado como líder do grupo, e de Cynara Ferreira da Silva. Já a magistrada Mariana Tavares Shu foi a responsável pela sessão de Ronaldo da Silva Gonçalves.
Tanto Ferreira quanto Shu analisaram a legalidade das prisões do trio, que foi detido nesta quinta-feira (6) em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Os três tinham mandados de prisão preventiva em aberto e nada de ilegal foi encontrado no ato de prisão, fazendo com que suas detenções fossem mantidas.
Segundo a denúncia do Ministério Público do Rio (MPRJ), Fábio Junior, o Pedro Dominador, foi contratado, através de um site de relacionamentos, para fazer um programa com uma vítima. Dias após o encontro, o acusado entrou em contato com o cliente e perguntou se ela poderia lhe emprestar dinheiro, mas foi ignorado.
Posteriormente, a vítima recebeu mensagens de um número de telefone desconhecido com imagens contendo dados pessoais, como seu endereço e o nome da empresa de seu pai. Ele também recebeu uma ligação, na qual foi acusado de pedofilia, uma vez que Fábio seria, supostamente, menor de idade, além de ter sido ameaçado de ter sua sexualidade revelada aos seus pais, fato que era desconhecido por eles.
Na ocasião, a vítima transferiu R$ 2 mil para a conta bancária de outro denunciado, João Fernandes Nunes, que segue foragido. Porém, pouco depois, um novo número entrou em contato com ela, enviando um vídeo da fachada de sua casa e novas ameaças de expor sua sexualidade. Assustada, a vítima realizou diversas outras transferências bancárias para as contas de Fabio, João e dos outros três denunciados, totalizando R$ 71.770,40.
"A partir desse momento, mesmo bloqueando todos os números, outros surgiam e continuavam com os constrangimentos e ameaças, tendo a vítima, por temor, cedido e realizado diversas transferências, via PIX, para as contas indicadas, restando claro que todos os denunciados estavam em conluio, seja contatando e constrangendo a vítima, seja cedendo suas contas bancárias", destaca um dos trechos da denúncia.
Criminosos se aproveitaram de preconceito
A prisão de Fábio, Cynara e Ronaldo foi realizada por agentes da 21ª DP (Bonsucesso). O delegado Álvaro de Oliveira Gomes, contou que as investigações duraram cerca de um mês e meio e que os criminosos se aproveitavam do preconceito para praticar as extorsões.
"Uma vítima nos procurou informando que teve uma relação com um garoto de programa que conheceu num site específico. Depois disso, esse garoto de programa começou, junto a outras pessoas, a realizar extorsões. Identificamos que havia uma quadrilha que fazia esse tipo de conduta. A ameaça principal era a de quebrar o sigilo. Geralmente, na sociedade que vivemos, esse tipo de relação é muito estigmatizada", ressaltou o delegado.
Caso as vítimas não pagassem a quantia, os criminosos afirmavam que iriam entrar em contato com os familiares e expor a relação nas redes sociais. "Se não funcionasse, ou mesmo para aumentar o nível de temor das vítimas, eles passavam para o segundo momento. O grupo conseguia identificar a residência ou alguma informação pública e mandavam fotos da casa da pessoa, dados como telefone e CPF de parente, dizendo que iriam fazer algum mal caso os valores não continuassem a ser depositados", explicou.
Nesta sexta-feira (7), Carlos Henrique da Silva Paixão, mais um acusado de pertencer ao grupo criminoso, foi preso em São João de Meriti por agentes da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF). Ele estava comum mandado de prisão em aberto pelos crimes de extorsão e associação criminosa. O homem ainda não passou por audiência de custódia.