Rio - Um ataque a tiros deixou quatro mortos e outras três pessoas feridas na Praça Barão de Drumond, uma das principais e mais movimentadas de Vila Isabel, na Zona Norte, no fim da noite de domingo (18). Segundo testemunhas, acontecia um evento na localidade, com a presença de diversas famílias e até mesmo crianças, quando criminosos armados chegaram atirando.
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Em imagens que circulam nas redes sociais é possível ver o desespero do público e as vítimas ensanguentadas. Relatos apontam que o tiroteio teria relação com a disputa de território entre traficantes rivais da região.
De acordo com a Polícia Militar, dois baleados morreram ainda no local, enquanto uma terceira pessoa deu entrada no Hospital Universitário Pedro Ernesto, onde também não resistiu. Já as outras quatro foram socorridas e encaminhadas ao Hospital Federal do Andaraí, mas uma delas morreu na unidade.
Os criminosos conseguiram fugir. Equipes do 6º BPM (Vila Isabel) reforçaram o policiamento no local e estiveram nas unidades de saúde. A Delegacia de Homicídios da Capital foi acionada para investigar o caso.
Segundo a Polícia Civil, as vítimas que não resistiram foram identificadas como: Gabriel Pereira Candido, de 24 anos, Pedro Henrique Pereira dos Santos, 18, Pedro Henrique Barbosa da Conceição, também de 18 anos; e o adolescente T. M. L, de 17 anos. As outras três pessoas continuam internadas. A perícia foi feita no local e diligências estão em andamento para apurar a autoria e a motivação do crime.
De acordo com a direção do Hospital do Andaraí, dentre os feridos, Wallace de Oliveira Cláudio, de 35 anos, e Daniel Carvalho de Souza, 33, seguem em estado grave. Enquanto Juan Victor Pereiras tem quadro de saúde estável.
Dia posterior ao ataque
Durante a manhã desta segunda-feira (19) quem passavam pelo local se deparava ainda com marcas de sangue e projéteis pelo chão. Segundo moradores, a praça é um ambiente familiar que reúne muitas crianças aos fins de semana.
Para Raquel da Silveira, que reside há 30 anos no bairro, a guerra entre os criminosos tem impedido o direito de ir e vir da população.
"Domingo sempre tem pula-pula, colocaram trailer agora. Isso é muito triste para as crianças, para os adultos que trazem as crianças para brincar, lanchar e agora ter que passar por uma situação dessa. Só peço forças a Deus para os moradores, para gente ter tranquilidade, direito de ir e vir porque isso impede. Até porque domingo é um dia de lazer, e isso é uma chacina, uma guerra, isso não pode existir", lamentou.
Mãe de três filhos, a moradora contou também o susto que levou com os tiros durante a noite. "Tranquei a porta e coloquei as crianças para dormir, porque moro no alto. Sempre levo meus filhos ali, tem uns brinquedinhos. A gente nunca imaginou acontecer isso aqui embaixo. Imagino ontem eu aqui, e você fica pensando se pode acontecer com você, com uma mãe conhecida, um amiguinho do seu filho. A guerra está passando dos limites. Não quero que chegue ao ponto de atingir minha família e nem mais ninguém. As crianças passam aqui, ficam brincando e não tem a noção do perigo que estamos passando", disse.
Disputa de território
A região de Vila Isabel, em especial o Morro dos Macacos, vem sendo palco de uma constante guerra pelo controle territorial entre o Terceiro Comando Puro (TCP), que domina atualmente a comunidade, e o Comando Vermelho (CV). Desde o início desse ano, a região sofre com tentativas de invasões de traficantes do Morro São João, no Engenho Novo, controlado pelo CV.
Na ocasião, devido as mortes, moradores da região realizaram protestos com pedaços de madeira, pneus, caçambas e sacos de lixo que foram colocadas na entrada do Túnel Noel Rosa, que ficou interditado por cerca de uma hora. Além disso, ruas da região também foram fechadas.
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