Por Isabele Benito
Como assim, você não é carioca? Talvez essa seja a pergunta que eu mais responda na vida depois de: “Você conhece o Silvio Santos de perto?” Em relação à primeira, eu juro que, às vezes, penso duas vezes antes responder, porque até eu me acho mesmo mais carioca que qualquer outra coisa. Por isso, resumo: eu tenho a alma carioca.
Quem nasce aqui já tem um amor, mesmo que não declarado, e um orgulho danado de ser do Rio de Janeiro. Mas para quem adota essa cidade, como é
o meu caso e o de muitos outros brasileiros e estrangeiros, o relacionamento é sério. Me lembro que quando cheguei para morar no Rio, há 11 anos, cumpri uma promessa que tinha feito a minha mãe. Quando vi o Cristo pela primeira vez, através da janela do carro em que circulava pela cidade, parei o veículo, desci, ajoelhei e fiz uma oração. Hoje, lembrando onde parei o carro, talvez não o tivesse feito, por motivos de... bom, todo mundo já sabe.
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Aliás, graças ao Rio me tornei uma repórter policial. Durante mais de cinco anos, subi e desci as favelas cariocas, não sei se conheço todas, mas com certeza a maioria. E adoro os nomes. De Rola a Rato Molhado, uma coisa elas têm em comum: o povo mais corajoso e guerreiro que já vi.
É gente que sai para trabalhar sob chuva de bala e, no final de semana, consegue reunir amigos num churrasco na laje com um funk maravilhoso. A cidade me deu também esse amor pelo funk. Sim, eu adoro! É batida, é dança, é liberdade, é Rio! A Cidade Maravilhosa tem isso. Em plena Cinelândia você pode gravar um vídeo para a rede social de uma orquestra sinfônica tocando Mc Marcinho, como já aconteceu comigo. E eu amo tudo nessa cidade, menos como esse povo é tratado. O carioca é resiliente. Não vive, sobrevive. Nunca nenhuma autoridade, mesmo quem já fez um pouco, fez a contento do tamanho que o carioca merece.
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O ladrão de bermudão e fuzil mata, mas o engravatado com a caneta também. Os últimos anos mostraram ao Rio de Janeiro que ele é rico. Só que apanha e é assaltado há muito tempo, o tempo todo. O nome disso é corrupção, é caos. Isso custa a falta de segurança, de educação, de saúde, custa vidas. Devo ao Rio ser a jornalista que sou hoje, sabe por quê? Porque aqui é onde a imprensa mais consegue fazer seu papel, que é cobrar, fiscalizar, denunciar e dar voz para aqueles que não são ouvidos ou vistos.
Espero que neste espaço, do jornal que tem a cara do Rio, a gente possa ser mais um canal pra cobrar e tentar a grande virada que o carioca merece. Afinal, o Rio é assim: quem se apaixona já era. Aqui é montanha russa, “mermão”... quem não
gosta de emoção, não fica.
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PINGO NO I
Não pode ser mais um caso, a imprensa e a população tem que ficar de olho essa semana e cobrar a punição severa do caso do bebê Ayla. A menina
recém-nascida que foi levada pelos pais ao hospital Municipal Ronaldo Gazolla em Acari, esperou onze horas, não foi atendida, voltou pra casa e morreu.
A imagem do jovem pai sentado na escada do IML com a bolsa Rosa da pequena no pescoço não pode se resumir a uma investigação interna. Ao não
atender e nem transferir, eles assumiram o risco da morte de Ayla.
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Bora Colocar o Pingo no I
O povo tá cansado dessa Dona Sindicância. Se ela resolvesse problema, pobre não morreria nos hospitais públicos todos os dias.
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TÁ FEIO OU TÁ BONITO
Tá feio... Quem passa pela Avenida Salvador Allende, na Barra da Tijuca, pode ver o estado de abandono do Parque dos Atletas ou Cidade do Rock. É o reflexo do que é jogar dinheiro público no ralo. O local está completamente abandonado, o espaço que recebeu grandes atletas e astros da música agora é palco de vandalismo. Construído em 2010 para os jogos e com a “desculpa” de que depois ficaria para a população, virou um grande largado Olímpico.
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Também, quem vai levar o filho para passear num lugar quente, sem árvore, sem qualquer atrativo. Feito pro povo, sei... Por isso, se você me perguntou se tá feio ou tá bonito. Tá abandonado e tenho dito!