Por Isabele Benito

Ninho de filhotes de ratazana num saco de macarrão, embalagens de leite e ovos infestadas de fezes, funcionários correndo atrás dos bichos e até churrasco dos corpos dos roedores, mortos pelas vassouras.

Tudo isso aconteceu num depósito de alimentos em Realengo, na Zona Oeste do Rio. A cena é de embrulhar o estômago, alguns animais chegam a ter cerca de 25 centímetros de comprimento.

Divulgado na internet, o vídeo logo viralizou, mas o pior não é só ver ratos desfilando e defecando sobre os alimentos. As explicações conseguem piorar tudo.

A empresa tem contratos públicos, entre eles, com as escolas municipais de Nova Iguaçu. Aí vem o segundo capítulo dessa história.

Procurada, a prefeitura confirma, mas, segundo a Secretária de Educação, as refeições são preparadas nas escolas, e que vai investigar, já que nenhuma embalagem chega corrompida.

Como assim?

A primeira coisa que deveria ser feita, diante da nojeira exposta no vídeo, era suspender imediatamente o contrato e mais, quem garante que nenhuma embalagem foi contaminada?

Se não fosse a gravação, ninguém ia ficar sabendo e, sim, crianças ainda estariam comendo o macarrão que serviu de ninho, berço para rato, mas não para por aí. A empresa também se pronunciou, disse que o vídeo foi gravado em abril, logo após uma forte chuva e num barracão que fica no pátio externo. Tudo para deixar a história mais azeda ainda. Ou seja, alimentos ficam expostos?

E não importa quando o vídeo foi gravado, comida que vai para a escola não combina com criação de rato e inseto, é insalubre.

A vigilância sanitária autuou a empresa por falta de higiene e disse que o local vai ter que se adequar às normas de limpeza.

Agora, mesmo que seja um caso isolado, depois do que foi visto, qual é o pai ou a mãe que vai ter certeza de que o filho come alimento limpo? Você consegue imaginar um escândalo desse em escola particular? Mas como é escola pública, na Baixada, não vai dar em nada.

O mesmo poder público que fecha o contrato é o que fecha os olhos para a fiscalização e para a punição.

3, 2, 1 é dedo na cara.

 

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