'Eu não tenho palavras, só sei dizer que é muito doloroso. É uma ferida que não fecha'.
A frase embargada e os olhos dominados pela dor de perder um filho são de Márcia Gonçalves. Como outras mães, ela viu a inversão da vida acontecer há dez anos, quando Gabriel foi morto por um amigo durante uma briga.
Mas há um ano ela vive o pior dos pesadelos. A história dela foi mostrada no SBT-Rio e eu ainda não consigo acreditar que em 2019 uma mãe passe por essa situação. Os ossos do filho de Márcia ficam em cima de um armário no quarto dela.
Isso mesmo, ela dorme e acorda com a ossada do filho a poucos metros.
Tudo começou após a exumação do corpo. A caixa foi entregue à família, que não consegue enterrar na gaveta do cemitério do Maruí, em Niterói, onde a família, segundo ela, tem jazigo.
Ela conta que já pagou todas as taxas e mesmo assim não consegue enterrar os restos mortais do filho.
“Eu tenho que cuidar.. É meu filho. É ter ele aqui e não ter ao mesmo tempo”.
A prefeitura disse que neste caso é preciso um processo administrativo que comprove a hereditariedade do proprietário da sepultura, uma vez que este já morreu.
A nota ainda diz que já foi sugerida à solicitante (no caso a dona Márcia) a compra de um nicho para a colocação dos ossos.
Meu Deus do céu.. Vocês juram? Ela é pobre gente! Pagou taxas, tá convivendo com os ossos do filho dentro de casa, e ao invés de orientar, ajudar, vocês pedem para que ela gaste mais?
É surreal, é desumano, é burocrático... É duro demais ser pobre nesse país.
3,2,1... É DEDO NA CARA!