Dona Maria Íris Máximo Silva, 54 anos, do dia para noite, viu a renda de diarista zerar  - divulgação
Dona Maria Íris Máximo Silva, 54 anos, do dia para noite, viu a renda de diarista zerar divulgação
Por O Dia
Dona Maria Íris Máximo Silva, 54 anos, mostra as mãos calejadas de trabalho. Do dia para noite, viu a renda de diarista zerar. Preocupada em comer?

“Comida a gente consegue um dia ou outro, minha preocupação é o aluguel. O dono da casa que eu moro depende desse dinheiro para comprar o remédio controlado dele", diz.

É de “Donas Marias”, que padecem na fila de um auxílio que de emergencial não tem nada, que o Brasil é feito.

O vírus trouxe o medo no mundo todo e aqui retirou o curativo de várias feridas abertas. Um país desigual, com renda para poucos, ia dar nisso...

A covid-19 mostrou que o desemprego é muito maior do que os mostrados pelo IBGE. Sem gente na rua, os informais também passam fome. O auxílio emergencial, que vem para “socorrer”, não socorre.

No meio do caminho, se encontra a exclusão digital e uma Educação sem qualidade, que faz milhares de brasileiros não saberem usar aplicativo para receber R$ 600.

Quando o mundo todo clama por isolamento, as aglomerações em frente às agências da Caixa Econômica parecem destoar, mas é ali que se encontra a cara do brasileiro, o retrato de um país doente há muito tempo.

Gente que foi abandonada por décadas, com falta de tudo!

Quem fica na fila é por desespero... Não conseguiu usar o aplicativo, não tem emprego fixo, não pode adoecer! Porque se em dias “normais” não tem Saúde pública, imagina agora.

Muitas mulheres, arrimos de família, que precisam carregar seus filhos para as filas gigantes... Sob sol e chuva... Já pensou no desespero delas?

Não adianta nada só pensar, imaginar! Tem que enxergar a ferida chamada Brasil e todas as mazelas por falta de políticas públicas. O custo da corrupção, das políticas de governantes e não de governo. E adivinha quem sempre paga? Quem morre no final? É o pobre!

Todo mundo pode estar no mesmo barco para atravessar a tempestade. O grande problema, é que essa barca é uma furada, remendada há décadas!

E nesse barco, ah eu tenho certeza... São poucos que estão na primeira classe. O restante sobrevive, infelizmente, no porão.

Tá Bonito!
Mãos calejadas: o jogo vai virar para Dona Maria
Mãos calejadas: o jogo vai virar para Dona Mariadivulgação
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Falando de Dona Maria... Chega a dar um alívio, em meio à tanta turbulência, saber o tanto de gente que entrou em contato querendo ajudar essa guerreira. Inclusive, a foto de suas mãos calejadas foi tirada ontem mesmo, no Terminal Alvorada, quando ela já buscava doações de cestas básicas.

“Só de pensar que eu achei vocês pra me darem essa força... Depois de tanto eu gritar, clamar de desespero, parece que Deus olhou pra mim. Obrigada!”

É o que eu sempre falo por aqui... É o povo ajudando povo! Se depender de governante, a gente não sai do lugar, essa é a realidade. É bonito demais ver que são nesses momentos de perrengue é que o povo dá a mão pro outro! E de uma coisa eu garanto: enquanto eu tiver espaço e puder dar voz a quem merece, o trabalhador brasileiro, carioca jamais vai estar sozinho. A gente quer dignidade!

Por isso, se você me perguntou se tá feio ou tá bonito... Que esse jogo vire para Dona Maria, a gente vai fazer de tudo pra isso, e tenho dito!