O estado de Seu Ademar era de assustar. Muito machucado, enfaixado... É claro que eu logo perguntei o que tinha acontecido.
Dona Nilza, amiga e companheira de tantos anos, me explica que o senhor é deficiente auditivo e sofre de convulsões. Numa dessas crises, se acidentou.
Mas não foi para me contar sobre o acidente que eles vieram me procurar. Era para pedir ajuda... Adivinha sobre o que? Auxílio Emergencial e Bolsa Família!
“Isabele, no mês passado ele conseguiu sacar os benefícios, mas para esse mês os dois foram cancelados. Ele não sabe como vai pagar as contas, comer e muito menos comprar os remédios que tanto precisa”, conta Nilza.
Os dois foram até o CRAS Elis Regina, na Cidade de Deus, saber o porquê do Bolsa-Família de Seu Ademar ter sido cancelado. A resposta é revoltante. Foram informados que a suspensão se deu por causa do valor muito alto que Seu Ademar recebia, já que ele vive sozinho. Sabe quanto? Pasmem... 89 reais!
O que faz uma pessoa hoje com 89 reais por mês? Alguém me responde porque eu tô até agora tentando saber... Você não vive, gente Ainda mais na situação em que ele se encontra!
É de um deboche tão grande com o povo... Isso aí não é benefício! É esmola, migalha, chame lá como quiser! Velho não tem dignidade? É isso?!
Não dá mais pra aturar ver idoso sendo tratado como lixo nesse país.
A coluna procurou o Ministério da Cidadania e a Caixa Econômica para tentar entender o problema de Seu Ademar.
A Caixa informou que a responsabilidade de reanálise nos casos de cancelamento do auxílio é do Ministério da Cidadania, que afirmou haver possível divergência cadastral.
O Ministério informou também que será priorizada uma reavaliação dos dados inseridos pelo requerente e que, confirmando a elegibilidade do CPF, o pagamento será liberado.
Quanta burocracia, hein?!
Enquanto isso, Seu Ademar leva a vida como milhares de brasileiros... Na base da solidariedade.
3,2,1... É DEDO NA CARA!