A Baixada Fluminense é um terreno efervescente de produção cultural. Nesse território, coletivos culturais independentes iniciaram um movimento cineclubista que leva o cinema até o espectador. Os cineclubes são tão importantes que ganharam um documentário que vai contar a trajetória deste movimento na região: são pelo menos 12 em sete cidades, apresentando material próprio e clássicos do cinema. 'Cineclubismo na BF' vai estrear dia 8, no Cine Odeon, no Centro do Rio. O documentário foi produzido e gravado na Baixada.
O documentário mostra a atuação de seis dos principais Cineclubes, o Mate com Angu, de Duque de Caxias; Buraco do Getúlio, de Nova Iguaçu; Donana, de Belford Roxo; Cinema de Guerrilha, de São João de Meriti Facção Feminista e Xuxu com Xis, ambos intinerantes.
Para Diego Bien, um dos criadores do Buraco do Getúlio, fundado em 2006, o documentário reforça o papel do cineclube. "Os apaixonados da sétima arte não precisam se limitar às salas de shoppings centers, que, geralmente, exibem apenas blockbusters, e a maioria deles americanos. Além disso, as sessões são de graça e algumas seguidas de debates sobre cinema e os temas dos filmes", disse Diego Bien. As sessões do Buraco do Getúlio reúnem, em média, 200 pessoas,na Praça dos Direitos Humanos.
"Os cineclubes tem um papel fundamental na construção social das regiões periféricas e abrem o debate para transformação do cotidiano em seu território. E é algo que sempre me encantou, sou cria deste ambiente", afirma a diretora do filme, Carol Vilamaro.
Em São João de Meriti, nasceu o Cineclube de Guerrilha. "Os cineclubes fazem um papel muito importante culturalmente, socialmente e têm tradição na região", aponta Ricardo Rodrigues, um dos idealizadores do cineclube.
E por falar em tradição, um dos cineclubes mais antigos da região é o Mate com Angu. Nascido em 2002, funciona na Sociedade Musical e Artística Lira de Ouro, em Duque de Caxias. "Contar nossa história é perpetuar nossa contribuição para o cinema e cultura. É uma homenagem aos cineclubes e a nossa resistência", disse Heraldo HB, um dos fundadores, sobre o 'Cineclubismo na BF'.
Dentre os mais jovens como o Ficção Feminina, criado há um ano, a emoção é grande. "Esse filme é uma homenagem que inova. É uma biografia de todos nós, cineclubistas. A Baixada tem dificuldade de ser reconhecida pelas particularidades de seus territórios, mas segue resistindo. Este documentário prova a necessidade de olhares e recursos para a região ", revela Bia Pimenta.
E para fortalecer o movimento cultural na da região, a equipe que produziu o filme é formada inteiramente por profissionais da Baixada.
"Com o filme, fazemos um regresso às nossas próprias origens para contar um pouco do que nos moldou", finaliza a diretora. O documentário Cineclubismo na BF será exibido gratuitamente, a partir de 18h.
