Nossos Mortos têm Voz - Divulgação
Nossos Mortos têm VozDivulgação
Por Aline Cavalcante

Elas são mães, irmãs e familiares de vítimas da violência do estado na Baixada Fluminense. Pessoas marcadas com as histórias atravessadas por perdas nunca esquecidas, apesar do tempo. E mesmo anos depois dos crimes, ainda choram. Seis mulheres contam o drama de perder seus familiares e a luta por justiça no documentário 'Nossos mortos têm voz'. O filme será lançado dia 27, no Cine Odeon, no Centro do Rio.

O documentário ressalta a realidade de uma Baixada violenta. De 2006 a 2016 foram 20.645 homicídios, uma média de cinco mortes por dia. No mesmo período foram 17 mil tentativas de assassinato.

A ideia do filme surgiu ano passado em um diálogo com o Fórum Grita Baixada e o Centro de Direitos Humanos de Nova Iguaçu. As filmagens começaram há um ano durante a passeata que acontece todos os anos para lembrar a morte de 29 pessoas em Nova Iguaçu e Queimados, na chacina da Baixada, que completa 13 anos dia 31.

Silvânia Azevedo, 38, perdeu o irmão Renato Azevedo, na chacina. Ele fechava o seu lava-jato, em Queimados, na hora do assassinato. "Sempre que passo em frente ao lava-jato onde meu irmão foi morto com dois tiros, me arrepio toda. Tomo medicamento para dormir até hoje e tenho depressão. Fazer o filme me fez reviver o caso de novo, fiquei muito emocionada".

Mãe da primeira vítima da chacina, Luciene Silva, 52, fez uma promessa no enterro do filho de lutar por justiça. "Jurei que iria lutar pelo fim da violência e nunca desistirei. Isso alivia a minha dor. Os culpados foram condenados, mas ainda tem jovem morrendo". Ela soube da morte de Raphael Silva Couto, de 17 anos, pelo jornal. O jovem voltava para casa de bicicleta com o amigo Willian Pereira dos Santos, 20, pela Rodovia Presidente Dutra quando os policiais pararam os dois e saíram do veículo atirando.

"Este filme é o grito das mães e familiares vítimas da violência, que lutam pela memória e justiça", explica Fernando Sousa, diretor ao lado de Gabriel Barbosa.

De acordo com a coordenadora do Centro de Direitos Humanos de Nova Iguaçu, Yolanda Florentino, denuncia a realidade de violência da Baixada. "Temos esperança que esse grito ecoe em todo o estado, em todo o Brasil e chegue até as instâncias internacionais".

Adriano de Araujo, coordenador do Fórum Grita Baixada, defende que o documentário joga luz sobre a histórias que não podem ser esquecidas. "Esperamos que o filme possibilite uma reflexão sobre essas vidas, tanto das que foram, quanto das que ficaram e as que virão".

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