Rio - Há dois anos, Maria Cristina, 52, foi abusada sexualmente e agredida. Foi à delegacia registrar queixa e sofreu ameaças. Sentia-se amedrontada com seu agressor solto e entrou em depressão. Mas, foi na luta que ela deu a volta por cima e venceu seu maior drama. Histórias como a dela são comuns no projeto 'Reage Maria', que ensina Defesa Pessoal gratuitamente a mulheres, em Austin, Nova Iguaçu.
Chutes, socos, técnicas de defesa fazem parte do cotidiano de 64 mulheres do projeto, que começou em junho de 2017, com apenas 10 alunas. "Vi um filme onde a mulher era agredida pelo marido e depois aprendia técnicas de defesa para dar um basta em sua situação. Aquilo me deu um start e foi então que criei o projeto", contou o professor e fundador do projeto, Carlos Teodório, 47, mais conhecido como Dentinho.
"Quando a gente passa por uma agressão a vergonha é pior companhia. Foi um processo difícil e minha salvação foi este projeto", desabafou Cristina.
As agressões verbais e psicológicas também marcaram Márcia Abreu, 49. "Há alguns anos um namorado me agrediu verbalmente na frente de várias pessoas. Ele me ameaçou de morte e tive muito medo. Denunciei ele, mas sempre tive a sensação de que era pouco, me sentia impotente. Quando comecei no projeto e aprendi a me defender passei a me sentir mais segura".
As aulas de defesa pessoal tem três fases. Nos primeiros seis meses elas aprendem as primeiras técnicas e treinam a coordenação. Na segunda fase elas já sabem técnicas mais apuradas e aprendem a usar os objetos a sua volta e o próprio corpo como arma de defesa. Na última fase começam os treinos de chutes, socos e luta no chão. "Não preparo elas para encarar uma briga, mas para saberem se defender se forem atacadas", alerta Dentinho.
As aulas são aos sábados, na R. Nilson Moura 142, em Austin, de 8h às 10h.
Passado de luta e violência
Dentinho luta desde os 6 anos de idade. Começou no Kung Fu e depois aprendeu jiu-jitsu e o MMA, além de defesa pessoal. Morou em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, por dois anos dando aulas de artes marciais e quando voltou criou o 'Reage Maria'. Ainda adolescente a violência fazia parte de sua vida. A mãe era agredida pelo pai e era ele quem a defendia. "Muitas vezes enfrentei meu pai para defender minha mãe. Isso me influenciou a criar este projeto. Nem todas as mulheres têm quem as defenda e então elas têm que fazer por elas".