Familia de duque de Caxias se preparando para desfile de Folia de Reis. -  Luciano Belford
Familia de duque de Caxias se preparando para desfile de Folia de Reis. Luciano Belford
Por O Dia

Rio - A tradicional Folia de Reis, conhecida também como Reisado ou Festa de Santos Reis, é símbolo de resistência, fé e manifestação cultural. Os festejos começam no período de Natal e vão até o dia de São Sebastião (20 de janeiro), mas é no Dia de Reis, comemorado neste domingo, que a festa tem seu ponto alto e jornadas saem pelas ruas da Baixada. Presente em alguns municípios da região, porém em número menor que no passado, a Folia de Reis está a todo vapor nesta época. Há registros de grupos em Queimados, Guapimirim, Mesquita e Duque de Caxias.

Foi no século 16 que esta cultura chegou ao Brasil adotando caráter religioso. Ela representa a viagem dos Três Reis Magos (Belchior, Gaspar e Baltazar), que, segundo a tradição, batiam nas portas das casas para recolher mantimentos, até o local de nascimento de Jesus. Por isso a data é uma das mais significativas do calendário cristão. 

Flor do Oriente é um dos grupos mais antigos de Duque de Caxias e reúne foliões de todas as idades para manter viva esta tradição - Divulgação

Os foliões, como são chamados os participantes da Folia de Reis, começam as jornadas à 0h do Natal. "É um período de muita alegria, muita simbologia e significado. Quem vive no meio dos foliões sabe o quanto é emocionante", contou Leonor Sant'anna, 52 anos, a Nora da Flor do Oriente, uma das mais tradicionais folias de Caxias.

As jornadas prosseguem em visitas a casas de amigos e parentes, que representam o encontro dos Magos com Jesus. O percurso normalmente é feito em distâncias longas, a pé, e transmitem mensagens de paz e conforto. É muito comum as Folias de Reis serem frequentemente recompensadas, após a reza, com alimentos e ofertas em dinheiro anexados à bandeira em sinal de respeito e devoção aos santos.

"Há mais de 20 anos recebo as folias na minha casa. Tenho muita fé e os recebo com alegria. Fico ansiosa por esta época", afirmou Maria das Graças, 63, de Mesquita.

Apesar da tradição, o movimento tem diminuindo. Segundo Rogério Silva de Moraes, mestre da Flor do Oriente, eram mais de 50 grupos, mas atualmente são só três. "É uma pena. Só nós sabemos o que temos que fazer para manter a tradição viva", declarou o mestre, que chega a tirar dinheiro do próprio bolso para sair às ruas. 

Familia de duque de Caxias se preparando para desfile de Folia de Reis. - Luciano Belford/agência O Dia

Em Mesquita existem apenas dois grupos. "Não temos apoio do poder público e fica difícil se manter. Quem sobrevive é à base de muito esforço e amor", apontou Sidney Gomes, 49 anos, o mestre Dinho da Sete Estrelas do Rosário de Maria.

O número de folias existentes ainda não é conhecido. Em um levantamento feito pela Uerj, cerca de 15 grupos foram registrados, porém a pesquisa catalogou apenas os maiores grupos.

Funções

O mestre é o "dono da Folia". O contramestre é um cantador substituto do mestre. Alferes é o folião que conduz a bandeira. Eles representam os Três Reis Magos. E tem ainda o palhaço que dança com suas roupas chamativas e máscaras. Ele representa os soldados de Herodes. Já os figurantes são os foliões uniformizados que tocam instrumentos. Tem também o bandeireiro, uma espécie de porta-bandeira da festa. A bandeira feita com tecido brilhante tem a imagem dos três reis magos. E o festeiro, dono da casa onde ocorrem as cerimônias.

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