A situação da Rua 7, no bairro Vila Iguaçuana, exemplifica o abandono total do poder público - Fernanda Dias
A situação da Rua 7, no bairro Vila Iguaçuana, exemplifica o abandono total do poder públicoFernanda Dias
Por Aline Cavalcante

'Ficamos esquecidos. Não pedimos muito, queremos apenas o básico, mas nem isso temos'. A reclamação de Alcides de Barros, 54 anos, mostra a realidade de quem mora na Vila Iguaçuana, em Nova Iguaçu. O DIA esteve na região que fica afastada do Centro da cidade e está, aparentemente, abandonada pelo poder público.

Em dias de chuva, lama. Em dias de sol, poeira. Assim é a rotina quem mora na localidade. São 16 ruas sem asfalto. "Quando chove é quase impossível passar. É só lama, a rua alaga e não tem jeito de transitar ", relata João Vitor, 19, sobre a situação da Estrada de Santana.

Na mesma rua, Elisângela Ferreira, 46, espera mudança há 10 anos. "Aqui só temos promessas em época de eleição, mas a mudança nunca vem". A moradora conta que se os moradores quiserem melhoria, botam a mão na massa e no bolso. Ela já gastou cerca de R$ 300 com caminhão de cascalho para amenizar os efeitos da lama. "Chegou um ponto em que não tinha como sair de casa; então tivemos que pagar para resolver, ao menos temporariamente, o problema. A casa não pode nem ficar aberta pra não ficar com poeira e o quintal a gente tem que lavar todo dia para poder viver um pouco melhor".

Marcilene Freire, 22, também reclama da falta do asfalto e de saneamento básico. "É muita poeira e tem ainda o problema de esgoto a céu aberto".

Para Leonardo da Silva, 33, é preciso mudança. "Aqui falta tudo para vivermos bem".

Para não ter a loja de materiais de construção invadida pela lama, Elizabeth dos Santos Lima, 48, construiu uma calçada bem alta. "Foi a forma que encontramos de não perder nada na loja quando chover porque a situação aqui fica feia".

Para sair de casa quando chove, Elizabeth Celestino de França, 54, tem que colocar sacola plástica nos pés. "Temos que fazer isso para não chegar nos lugares toda enlameada. É horrível esta situação", afirma a moradora da Rua Monte Arará.

A questão da Segurança também alerta quem mora no bairro, que fica nos arredores do Arco Metropolitano. "Aqui sempre foi um local tranquilo, mas depois do Arco ficou perigoso, começaram os assaltos e virou rota de bandido. Piorou para nós porque na rodovia não tem segurança, então sofremos por tabela", conta Pedro Alves Pereira, 53.

A falta de iluminação fortalece o medo. "À noite aqui fica muito escuro. Acredito que isso facilite para bandidos agirem", diz Elisângela.

Água encanada ainda não é uma realidade para todos os moradores da Vila Iguaçuana. Nas ruas Monte Arará, Colibri e Cambazes, água só se for de poço artesiano. "Não temos água encanada e queria poder ter isso em minha casa", confessa Solange Gomes, 56.

Já Maria do Socorro, 63, relata que mesmo com o poço é difícil conseguir água. "Nem sempre a água está boa para fazer tudo. Muitas vezes ela está barrenta e aí somos obrigados a comprar água para cozinhar e beber".

A Secretaria Municipal de Infraestrutura de Nova Iguaçu (SEMIF) afirmou que está ciente dos problemas identificados no bairro Vila Iguaçuana e continua buscando recursos junto ao governo federal para a realização de obras no local. Quanto à iluminação, garantiu que uma equipe irá ao bairro nos próximos dias para verificar o problema.

Nas regiões que margeiam o Arco Metropolitano em Nova Iguaçu, a Polícia Militar afirmou que atua com base nas manchas criminais e ressaltou a importância de fazer o registro de ocorrências.

Já a Cedae disse que a região será beneficiada pelas obras do Programa de Abastecimento de Água da Baixada Fluminense e que os moradores que ainda não estão conectados à rede da companhia podem procurar uma agência para solicitar sua ligação domiciliar.

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