Rio - "Às vezes queremos ajudar uma pessoa num momento em que ela está desesperada com uma enchente ou qualquer desastre natural e agimos de forma errada. Acabamos atrapalhando. Agora estou capacitada para agir". A emoção é da técnica em enfermagem, Aline Erosita Gunderman, de 34 anos, uma das 1.583 pessoas cadastradas na Rede Municipal de Servidores, Voluntários e Amigos da Comunidade (Rede SVAC). Criada em janeiro de 2017 em Nova Iguaçu e coordenada pela Subsecretaria Municipal de Proteção e Defesa Civil, a Rede visa integrar agentes públicos, instituições não governamentais, setor privado, comunidade, líderes comunitários e voluntários independentes no objetivo de promover a Redução do Risco de Desastres (RRD), fortalecendo a participação do cidadão nas ações planejadas ou adversas que ocorrem na cidade.
Aline contou que após se cadastrar como voluntária passou por cursos de capelania, meteorologia e primeiros socorros, que podem fazer a diferença no momento de ajudar uma pessoa em área de risco. "Você aprende a ter mais cuidado com a parte psicológica da pessoa e como atuar num ponto de alagamento. Além disso, posso fazer esse canal entre moradores e a Defesa Civil, que acaba agindo mais rápido", comentou.
O incentivo, preparação e treinamento de voluntários para atuarem nas ações de redução do risco de desastres são obrigações dos municípios através de suas agências de proteção e defesa civil. No Brasil, essa obrigação é estabelecida na Lei Federal 12.608, além de estar incluída nas recomendações do Marco de Sendai da ONU, que inclui entre suas metas globais o aumento considerável do número de países com estratégias de redução de risco de desastres no nível nacional e local até 2020.
Tendo como princípio a ideia do 'voluntário não amador', são oferecidas e promovidas várias atividades de integração, capacitação e treinamento aos cadastrados, como diversos cursos gratuitos, reuniões periódicas, ações conjuntas em exercícios simulados em escolas e comunidades vulneráveis a desastres. Também há ações de conscientização da população sobre condutas preventivas e seguras, ações conjuntas em mapeamento de áreas vulneráveis, participação integrada na construção e atualização dos Planos de Emergência da Cidade, entre diversas outras atividades.
Em Tinguá, a autônoma Yasmin Ferreira Rosa da Silva, de 23 anos, se cadastrou como voluntária em junho deste ano para ajudar na prevenção de desastres naturais no bairro onde mora. "Aqui posso ajudar com serviços voluntários, orientar a população em caso de uma rua alagada. É importante que haja representantes nos bairros para ajudar a Defesa Civil. Facilita a vida de todos", disse a jovem, que sonha se tornar bombeiro militar.
Com a Defesa Civil, Yasmin passou por cursos de prevenção e combate ao incêndio e controle do pânico, noções básicas sobre geologia e riscos geológicos com ênfase em movimentos gravitacionais de massa, capelania pós-desastre, iniciação ao rádio amadorismo, entre outros.
Morador de Cabuçu, o professor Ricardo de Souza Dutra, 52, também é voluntário. Para ele, a interação entre moradores e a Defesa Civil pode salvar vidas. "Vou me tornar um multiplicador passando informações aos meus vizinhos para agir de forma correta caso ocorra uma inundação, pois acionando a Defesa Civil o mais rápido possível, ela pode chegar ao local exato e com mais agilidade. Estamos prontos para atuar tanto nas ações de mobilização preventiva, como nas emergências", afirmou.
O trabalho dos voluntários também tem sido importante para cadastrar a população a receber mensagens de alerta (via SMS) que serve para moradores de áreas vulneráveis. Nova Iguaçu está entre as cidades do Estado com o maior número de pessoas inscritas. São mais de 35 mil cadastros no Sistema de Envio de SMS de Emergência da Defesa Civil. O sistema é uma importante ferramenta nas ações de prevenção e de preparação para emergências e desastres, pois permite mobilizações preventivas em comunidades vulneráveis, evitando consequências como mortes e feridos.
Morador de Cabuçu, o aposentado Gibeão de Brito Silva, 65, se cadastrou no SMS da Defesa Civil após ser abordado pelos voluntários. "Já sofri muito com chuva, perdi muito material de construção e estou fazendo um muro de barragem e acabei cadastrando meu celular no SMS para receber alerta. Com isso vou saber o que acontece no meu bairro", disse o aposentado.
Prefeitura lança cartaz
A Prefeitura criou um cartaz de divulgação com o personagem mascote 'laranjinha', para que mais pessoas na cidade se cadastrem no sistema e aumente a capilaridade e capacidade de comunicação. Além do cadastramento gratuito para o recebimento de mensagens, os moradores são orientados como proceder diante de cada mensagem.
O sistema prioriza o cadastramento de moradores de áreas de risco de desastres, principalmente em locais com ameaças relacionadas a deslizamentos, enxurradas e inundações. Para se cadastrar no sistema basta enviar um SMS com o Cep da rua onde mora para o número 40199.
Para o subsecretário de Proteção e Defesa Civil, Jorge Ribeiro Lopes, é importante esta interação com as comunidades. "Estamos convencidos de que sem a participação ativa delas não seria possível implementar nossos projetos. Somente o cidadão consciente e treinado é capaz de se defender e transformar sua própria realidade. Seguiremos firmes na construção de uma Nova Iguaçu resiliente", garantiu.
Para ser mais um voluntário basta entrar em contato com o setor de Proteção Comunitária da Subsecretaria de Proteção e Defesa Civil de Nova Iguaçu, de segunda a sexta-feira, de 9h às 17h, pelos telefones: 3779-0660 / 3779-0472, ou pessoalmente na sede do órgão, na rua Itacuruça, 197, Centro – Nova Iguaçu.
