Geane dos Santos borda um dos retalhos que vão virar bolsa - Estefan Radovicz / Agencia O Dia
Geane dos Santos borda um dos retalhos que vão virar bolsaEstefan Radovicz / Agencia O Dia
Por O Dia

Nas mãos de quatro talentosas artesãs de Nova Iguaçu, o que parece lixo sem nenhuma utilidade para muitos pode se transformar em um acessório incrível para completar o visual, uma agenda cheia de personalidade ou um adereço para incrementar a decoração da casa. E é através delas, com o projeto Nós do Ponto Chic, que malotes de dinheiro viram lindas bolsas.

Periodicamente, os malotes usados, que virariam lixo, chegam ao ateliê de Maria José da Conceição, 55; Maria Helena Andrade, 58; Ana Maria da Silva, 62; e Geane dos Santos, 49. Eles vêm direto do banco parceiro do projeto e passam por alguns processos. Primeiro, as costuras são desfeitas, depois as partes boas são recortadas e lavadas. O material selecionado é emendado uns aos outros até que vire uma bolsa cheia de estilo e personalidade. O modelo mais complexo pode levar, em média, dois dias para ficar pronto; as mais simples levam duas horas. "A bolsa de retalhos bordada a mão é a peça que mais demora. A gente corta em pequenos pedaços, une tudo, depois ainda vem o bordado", conta Maria José, mais conhecida como Ceiça. Depois disso, as bolsas estão prontas para ganhar as ruas. "Quando uso uma das bolsas de malote recebo elogios. Fico feliz em contar que nós é que criamos e faço aquela propaganda", orgulha-se a artesã. As vendas acontecem no próprio ateliê, que fica no bairro Ponto Chic, e em feiras de artesanato e exposições. As peças custam a partir de R$ 90.

O início

O trabalho com malotes começou em 2009, quando elas trocaram o artesanato com pintura, crochê e 'decoupage' pelas bolsas. A proposta veio pelo projeto Comunidades em Rede, desenvolvido por funcionários aposentados do Banco do Brasil.

"Foram seis meses de cursos para aprender a trabalhar com o material e também para aprender o modelo de negócio. Foi difícil porque era algo que nunca tínhamos feito. O primeiro carregamento de malote que chegou eu pensei: 'O que vamos fazer com este monte lixo?'. Mas aí as ideias foram surgindo", relembra Ceiça. 

Mais de uma década depois, Ana Maria conta que sente muito orgulho de seu trabalho: "Quando vejo alguém usando uma bolsa feita por mim é uma alegria. É uma realização ver que algo que era lixo virou um trabalho bonito de transformação". 

Além de bolsas, elas produzem peças como tapetes, sousplat, cordões, estojos, necessaire, entre outras.

 Nas mãos de famosos

A transformação que acontece em Nova Iguaçu foi parar até nas mãos de famosos globais, como o ator Mateus Solano e a atriz Glória Pires, em 2018. Depois que as peças de malotes foram parar em uma revista especializada em dar visibilidade a artesãos empreendedores, surgiu um dos passos mais importantes para a Nós do Ponto Chic: produzir para a Muda, loja de Mateus Solano, focada em produtos sustentáveis, na Zona Sul do Rio. "Foi uma surpresa grande. Um dos sócios veio até nós e pediu que fizéssemos peças para a loja deles. Quase não acreditamos. Quando eles inauguraram uma das lojas, fomos lá e conhecemos o Mateus pessoalmente. Ele foi muito atencioso e elogiou muito nosso trabalho", conta Ceiça.

Depois disso, foi a vez de Glória Pires. A atriz tem uma loja, a Bemglô, que também segue a linha da sustentabilidade. Atualmente, as artesãs de Nova Iguaçu fornecem modelos exclusivos para a loja da artista. "O fato de que gente famosa usa o nosso trabalho faz as pessoas nos olharem diferente. Nos valorizam mais", opina Maria Helena. 

Para adquirir os produtos basta acessar o site no endereço www.bemglo.com ou o Instagram @mudaloja, além do Facebook Nós do Ponto Chic. O ateliê fica na Rua Pedro Cunha 307, Ponto Chic.

 

Você pode gostar
Comentários