Entre as reivindicações feitas ao poder público no manifesto cobrando medidas de prevenção ao coronavírus na Baixada Fluminense — assinado por mais de 100 organizações e lideranças —, o número 4 pede "acesso a água potável em meio à falta em vários bairros". Um serviço básico essencial na luta contra a Covid-19 e que muitos não têm direito. Com denúncias sobre a falta de abastecimento em 14 municípios do estado, a Defensoria Pública e o Ministério Público (MP-RJ) ajuizaram no início de abril ação por um plano emergencial durante a pandemia, e anexaram a carta. Enquanto isso, famílias esperam soluções definitivas.
No Parque das Missões, em Caxias, moradores ficaram sem água por duas semanas em março, um problema que dizem ser recorrente. "Como pedir para lavar as mãos se não tem o principal que é a água?", questiona moradora que não quis se identificar.
Em Jardim Primavera, também em Caxias, a professora Dayse Alves reclama que só recebe água uma vez por semana, e não é de hoje. "É um problema histórico. O que salva muita gente é o poço artesiano, mas nem todos têm. Como vamos nos cuidar? A gente se vira como pode, as pessoas contam com a solidariedade. Minha sogra liga a bomba para os vizinhos levarem água para suas casas", afirma.
Problemas semelhantes acontecem com moradores de várias cidades da Baixada, o que fez a Defensoria e o MP-RJ entrarem com ação civil pública para que sejam elaboradas soluções pela Cedae e pelo Governo do Estado visando à garantia do abastecimento de água à população. O plano de contingência deve ter, entre outras coisas, distribuição de água por meio de caminhão pipa e procedimentos a serem realizados em áreas sem tratamento de água e esgoto.
Em nota, a Cedae disse que a região de Jardim Primavera "será diretamente beneficiada com as obras em execução do Sistema de Ampliação do Abastecimento de Campos Elíseos". Em relação às denúncias em cidades da Baixada Fluminense, a empresa reforçou que "está executando conjunto de obras para a ampliação do abastecimento, com o Novo Guandu, orçado em R$ 3,4 bi". Por fim, avisou que os caminhões-pipa podem ir às localidades que solicitarem atendimento.