Filmagens do filme que vai contar a história do prédio onde funcionava o antigo Hotel União - Divulgação Getulio Ribeiro
Filmagens do filme que vai contar a história do prédio onde funcionava o antigo Hotel UniãoDivulgação Getulio Ribeiro
Por Aline Cavalcante

Às margens da Rodovia Presidente Dutra, KM 175, em Nova Iguaçu, um prédio de cinco andares, pintado de azul e 'tatuado' com camadas do xarpi (pixações) carioca, chama atenção por sua relação tão familiar e ao mesmo tempo tão desconhecida de quem vive ou passa regularmente pela região. Ícone da Baixada Fluminense, a construção está em desuso há pelo menos 20 anos. A história curiosa se tornou documentário '@postopredio13 - Meu Nome é União', mas, sem verba e com as filmagens prejudicadas pela pandemia do coronavírus, os produtores do longa-metragem tiveram que fazer uma campanha de financiamento coletivo para viabilizar a realização do projeto, previsto para estrear em 2021. O objetivo é arrecadar R$ 205 mil.

O valor será empregado no pagamento na pré-produção, produção e finalização do filme. Ao todo, 33 profissionais estão envolvidos no processo. A campanha está no ar na plataforma Catarse e pode contar com o apoio de pessoas físicas e de empresas. O novo financiamento coletivo ficará aberto até 17 de julho. Diretora do filme, Josy Antunes explica que a vaquinha online servirá para pagar as despesas da primeira etapa, gasto estimado em R$ 124 mil. O restante será usado na próximas etapas, que ainda envolvem a filmagem e finalização do longa-metragem.

"A vaquinha está no ar desde o dia 18 de maio, mas arrecadou até aqui conseguimos arrecadar menos de R$ 1 mil. É bem difícil, mas acredito neste projeto e não vamos desistir", afirma Josy. 

Filmagens do filme que vai contar a história do prédio onde funcionava o antigo Hotel União - fotos: Divulgação Getulio Ribeiro
Moradora da cidade de Nilópolis, Cíntia Lima, diretora assistente do filme, torce pelo sucesso da campanha. "Atingir essa meta nesse momento [de pandemia] é de extrema importância porque muitos realizadores do audiovisual como eu e meu companheiro estão sem trabalhar e sem receber. Se tivermos a meta batida é uma forma de receber por nosso trabalho. E sei que isso daria um respiro para toda equipe do filme", pontua.

Coordenadora de produção do filme, Luana Pinheiro lembra que a situação do segmento cultural para realizadores da Baixada Fluminense tem sido bastante complexa. "A área da cultura é sempre uma das mais vulneráveis. E a maioria dos profissionais participantes do projeto do filme sobre o prédio é da Baixada. Esse financiamento coletivo para a equipe é uma forma de garantir sustento".

A campanha está disponível no link https://www.catarse.me/predioposto13_etapa2.

Brindes para incentivar doações

As doações podem ser feitas a partir de R$ 10. Já os apoios acima de R$ 50 contam com recompensas como ecobags, pôster do filme, quebra-cabeça e camiseta com ilustração do prédio. Além de serviços como ensaio fotográfico com a cineasta Cíntia Lima e oficina de videoclipe com o montador do filme, Higor Cabral.

"Foi a maneira que a gente encontrou para incentivar as pessoas a doarem. E colocamos recompensas ligadas a cinema, arte e cultura", conta Higor.

"O projeto revela o quanto a união de jovens periféricos interessados em fazer cinema de qualidade não apenas impõe muitos desafios, mas possibilita a mudança de paradigma de que para produzir filmes é preciso fazer parte de um meio bastante hegemônico", completa Josy Antunes.

Um pouco mais sobre o filme

O projeto '@predioposto13 - MEU NOME É UNIÃO' é um documentário que resgata a memória afetiva do edifício que abrigou o antigo Hotel União. "Eu estava com insônia e passeava pelo feed do Instagram, quando vi uma série de fotos do Posto 13. Eu já era apaixonada pelo prédio. Fiquei encantada com os cliques, porque elas mostravam ângulos que eu não estava habituada a ver", contou Josy Antunes, 29, diretora e idealizadora do documentário.
Localizado às margens da Rodovia Presidente Dutra, em Nova Iguaçu, o prédio está abandonado há a mais de 20 anos - Divulgação/ Luiz Silfer
 A cineasta, moradora de Belford Roxo, expandiu sua ideia para além do próprio olhar em relação ao edifício, depois que um post seu sobre a criação do perfil no Instagram @predioposto13 viralizou no Facebook. Isso fez com que ela entendesse que o interesse pelo prédio, e a memória afetiva que havia construído desde a infância, não era só dela. E esse foi o ponto inicial para que começasse o trabalho do filme.
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"O objetivo de produzir o documentário vem do desejo de reconstruir a memória e propor novos olhares e a ressignificacão desse espaço. O sonho é torná-lo um ponto de cultura para abrigar diferentes linguagens artísticas culturais".
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