Um dos principais objetivos da organização é que a criança desenvolva sua criatividade, seu potencial artístico e trabalho em equipe, fortalecendo assim sua auto-estima e vocação, para que possa estar preparada a exercer atividades culturais e artísticas que poderão gerar trabalho e renda futuramente. Pensando nisso nasceu o projeto do IZP, “Viva Xerém”. Após um tempo, quando desenvolvem e descobrem suas aptidões, as crianças e jovens, de sete a 14 anos, são direcionadas para o estudo de um instrumento específico. Todas podem participar de mais de um núcleo técnico e tem atenção de acordo com seu desenvolvimento.
Os 120 alunos do início do ano aumentaram para 150, e mesmo com a pandemia, e todas as dificuldades trazidas com ela, o índice de desistência dos estudantes foi baixo. A falta de acesso das famílias à internet e aos aparelhos eletrônicos, a necessidade de adaptação das aulas nas plataformas online, que mesmo avançadas, não entregam um som perfeito, um maior volume de trabalho para professores. Tudo isso foi contornado com o objetivo da continuidade do projeto.
A diretora pedagógica e professora de violino, Carla Rincón, comenta sobre o surpreendente desempenho dos alunos durante a quarentena e também do envolvimento familiar nas atividades.“Para mim o mais importante é não parar. É claro que eu queria o contato presencial, mas não é possível no momento. Eu e os outros professores tivemos que adaptar nossas aulas e passamos a atender os estudantes individualmente ao invés de em grupo, nas aulas por videochamada. O curioso é que nesse período de isolamento eles tiveram uma melhoria incalculável. Acredito que estejam estudando e treinando mais, porque estão em casa e tem os instrumentos à mão, além de terem menos distrações. O envolvimento das famílias de Xerém com o Instituto já era bom, agora aumentou ainda mais.
Mesmo sem as aulas presenciais os concertos continuam acontecendo. No Youtube, cada estudante grava um vídeo de sua casa, que são unidos pelos professores com o do resto da turma. Com isso são formadas caprichosas composições. Dessas interpretações uma de destaque é a da música Cajuína, de Caetano Veloso, com apresentação em conjunto de aprendizes de flauta, violino, violoncelo, percussão e canto
Joseilma Augusto da Anunciação Costa, 44 anos, é mãe de Felipe, 13, e Isabela, 11. Os dois fazem parte da organização desde 2017. O menino, que tem síndrome de Down, faz aula de artes e flauta. A menina, além das mesmas atividades, pratica também piano.
“O IZP faz uma grande diferença nas nossas vidas, é uma alegria muito grande para mim e para os dois fazerem parte dele .A Isabela é muito inteligente, consegue ler partituras, entender as músicas. O compromisso de aprender fez com que ela evoluísse também na escola. Acredito que tudo isso tem a ver com a participação dela lá. Do Felipe eu também só tenho a agradecer, eles abraçaram meu filho e hoje ele é um pré-adolescente maravilhoso. Eles amam música e arte muito por essa influência positiva do IZP. A atenção e o trabalho de todos, principalmente neste período de pandemia é excelente”, afirmou Joseilma.
A jovem Ana Carolina Cardeira, de 19 anos, é aluna de violino do IZP desde 2012. Como já estuda há bastante tempo, e é avançada no instrumento, ela se tornou monitora da professora Carla, ajudando quem está dando os primeiros passos. Este ano ele começou sua caminhada na faculdade música. “No IZP eu descobri o meu amor pela música, principalmente pelo violino. Acredito que ela tem um potencial para mudar muita gente, assim como fez comigo. Eu descobri também um amor por ensinar, sou muito feliz pelo que faço e tenho aprendido muito com essas crianças. A música me completa, não me vejo em outro caminho.”
Doações
“Nós recebemos também doações de parceiros eventuais. Por exemplo, a Cia Marítima doou 3 mil máscaras de proteção e o Fluminense, que tem as categorias de base aqui em Xerém, enviou 70 cestas básicas. As pessoas sabem que o trabalho que fazemos é sério e ajudam. Nossa meta é sempre contribuir e expandir. Fico feliz e acho importante o IZP fazer parte desse momento difícil para os alunos, pais e professores. Ver o esforço de todos em uma união recíproca é muito gratificante”, explica o diretor geral do Instituto e filho de Zeca Pagodinho, Louiz Carlos da Silva.