Por Aline Cavalcante

Marcio Guerreiro, ex-volante do Flamengo, trocou os gramados pelos hospitais - Divulgação/Everton Barsan
Quem encontra o doutor Marcio Guerreiro, 39, usando jaleco branco e estetoscópio pendurado no pescoço, nem imagina que o uniforme que ele trajava antes de ser médico era calção, camisa, meião e chuteira. O ex-volante do Flamengo deixou os gramados em 2014 para assumir outra missão: a medicina. Ele faz parte dos novos médicos que tiveram a formatura antecipada para que pudessem atuar na linha de frente contra a pandemia do novo coronavírus.

Assim como Tostão e Sócrates, o ex-atleta e agora médico de Nova Iguaçu, integra o seleto time de jogadores que se apaixonaram pela assistência em saúde. Nos campos, além da camisa do Flamengo, Marcio já defendeu, ao longo de 14 anos, os clubes do Cruzeiro, a Ponta Preta, o Nova Iguaçu, Portuguesa-RJ, Criciúma e Guarani.

Atualmente, o médico faz parte de outro time: o da equipe médica do Hospital Geral de Nova Iguaçu (Hospital da Posse) e também atua na clínica particular, em Comendador Soares, onde nasceu e foi criado.

A carreira como jogador foi encerrada aos 32 anos. Depois de sofrer com contusões, ele resolveu se aposentar. "Eu estava sofrendo muito com lesões articulares. Eu tinha feito uma operação no joelho e já não estava mais sendo prazeroso jogar, por isso optei por encerrar a carreira até precocemente", relembra. Este foi o pontapé inicial para investir na medicina.

Além do Flamengo, Marcio Guerreiro também jogou no Guarani - Reprodução de internet

"Por ter operado o joelho e por ter tido algumas lesões no tornozelo, sempre fui muito curioso. Queria saber o motivo daquilo acontecer. Via os médicos e fisioterapeutas fazerem o tratamento e sempre perguntava muito. Nesta época, minha esposa já era médica. A maioria dos jogadores, quando encerram a carreira, criam uma lacuna, porque viveram para o futebol, mas eu tive muito incentivo de minha esposa e me identifiquei com a medicina", conta.

Sobre a nova carreira, o ex-jogador diz que há semelhanças com a antiga profissão. "No futebol, você vive com uma pressão diária, e na medicina não é diferente. Lidar com vidas, é uma responsabilidade muito grande. Apesar de ter iniciado na medicina diante da maior crise sanitária da história recente eu me sinto muito feliz por poder contribuir de forma positiva neste momento tão difícil".

 Rotina da pandemia

Casado com a também médica Nicole Wienen e pai dos pequenos Marcinho, de 6 anos, e Maria Carolina, de 2 anos, o recém-formado disse que a rotina do médico tem sido intensa. Ele afirma que tem feito atendimentos até pelo telefone. “Os dias têm sido muito corridos, mas percebo que alguns pacientes têm medo de contaminação ao sair de casa, então atendo aos telefonemas e desta forma consigo orientá-los sobre sintomas, isolamento social, cuidados em casa e alerto sobre casos que inspiram maior atenção”.

Ao site Esporte News Mundo ele disse que tem sido um momento de aprendizado. “Tenho aprendido muito com esta situação. Pensei que meu início na medicina seria totalmente diferente. Vivi um cenário muito  triste. Mas tem uma frase de Hipócrates que eu gosto muito: ‘Curar quando é possível, aliviar quando necessário, consolar sempre”.

Na entrevista, o ex-atleta ressaltou ainda a carga emocional pela qual tem passado. “A responsabilidade é muito grande. Sinto o peso dela diariamente, pois um diagnóstico mal feito pode refletir de maneira trágica na família de alguém”.

Você pode gostar
Comentários