Manoel, contente, de volta ao trabalho onde há 23 anos atende os clientes na madrugada: fim de um tormento - Arquivo pessoal
Manoel, contente, de volta ao trabalho onde há 23 anos atende os clientes na madrugada: fim de um tormentoArquivo pessoal
Por O Dia

Quem nunca ouviu falar da expressão 'gente boa', ou ainda 'gente fina'?  Termos muito usados para definir um pessoa agradável, de boa índole, divertida e que transmite aos demais bons sentimentos. Definições mais que adequadas para descrever figuras conhecidas, muito queridas na Baixada Fluminense, e que tiveram suas histórias viralizadas nas redes sociais.

Conhecido por muitos que passam pela Av. Getúlio de Moura, na altura do Centro de São João de Meriti, o guarda municipal (GM) Moab da Silva, 49 anos,  já é chamado de 'guarda dançarino'. Funcionário da GM há 21 anos e responsável pelo posto há mais de 10, Moab dança, faz gestos, distribui sorrisos e cativa quem passa pela via. Durante a semana, um vídeo publicado nas redes sociais com seu jeito irreverente de cuidar do trânsito chamou a atenção. 

"Às vezes chego aqui e encontro pessoas tristes, então dou um grande 'bom dia' e elas se alegram, respeitam o trânsito, brincam e seguem felizes. Eu procuro fazer meu trabalho com muito orgulho e alegria, graças à Papai do Céu, que me dá forças", afirmou Moab.

Morador de São João de Meriti há 35 anos, o professor Wellington Guerra, não poupou elogios ao guarda, "Ele é muito bem-humorado, os estresses dos motoristas acabam com a alegria que ele transmite", contou.

Outra figura conhecida, Manuel Inocêncio Correa, 78, e sua barraca de cachorro-quente fazem sucesso em Itaguaí. Há 23 anos ele vende o lanche no mesmo local e já conquistou a clientela da cidade. 

Fez fama porque é um dos poucos que oferece lanche na madrugada: a salvação dos esfomeados que saem da balada ou tarde da noite da igreja doido para comer na barraquinha do hot- dog. Os lanches são servidos todos os dias, a partir das 18h, e Manoel só vai embora perto das 4h ou quando já vendeu tudo. Sujeito pacato e trabalhador, é com carinho que o ambulante ajeita o sanduíche e sorri para o cliente.

Durante o isolamento social, Manoel passou por dificuldades e teve que contar com doações de cesta básica. Sem poder trabalhar, o comerciante entristeceu, parecia deprimido e pouco falava. Mas, a alegria voltou com a flexibilização, há duas semanas. Familiares e amigos se mobilizaram para ajudar na compra de material para confeccionar o cachorro-quente e colocar a barraquinha na rua outra vez, no ponto de costume, na esquina em frente ao calçadão.  "Eu estou feliz. Agradeço a todos que me ajudaram, sei que vai ficar tudo bem".

Atitude nobre

Em tempos difíceis, a empatia, gentileza e cuidado com o próximo têm se destacado. Aroldo Henrique de Oliveira Pontes e Cleinaldo Moreira de Souza Pires, que trabalham na coleta de lixo de Belford Roxo, provaram ter todas estas qualidades. Eles encontraram no lixo uma bolsa com R$ 200 e um carnê de escola e devolveram à Luzinete da Silva que, por engano, havia jogado fora o dinheiro.

"Na hora de jogar o lixo me confundi e caiu tudo no latão. Segui para a escola e ao chegar no local é que percebi. Fiquei desesperada", contou Luzinete. Mais tarde, no mesmo dia, dois garis bateram em sua porta para devolver os pertences. "Eles tiveram a boa vontade de devolver. São dois anjos", completou.

Aroldo e Cleinaldo contaram que viram a bolsa limpa e que não aparentava estar com lixo. "Decidimos devolver, pois é o futuro de uma criança que estava em jogo. Quando acabamos o roteiro fomos à escola e pegamos o endereço dela. Foi uma alegria, quase chorei junto com a família", disse Aroldo emocionado.

"Os tempos não estão fáceis, principalmente agora com essa pandemia. Nós somos trabalhadores e sabemos como é a luta para repor quando se perde. Fizemos o que tinha que ser feito. Afinal, o caráter é que nos move", enfatizou Cleinaldo.

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