A força cultural da Baixada sempre foi um fator de destaque na região. E, desta vez, mais um passo foi dado para o avanço e reconhecimento do cinema local em todo o país. Lançado em novembro de 2019, o filme 'Joãosinho da Goméa - O Rei do Candomblé', dos cineastas Rodrigo Dutra e Janaina Refem, foi indicado ao Festival de Gramado, no Rio Grande Sul, onde concorrerá em nove categorias. O curta-metragem conta a história do babalorixá de Duque de Caxias, que fundou o famoso terreiro da cidade. O festival está previsto para acontecer em setembro, online.
"No filme, tentamos retratar a trajetória do Seu João Alves de Torres Filho a partir da ótica dele próprio. Achamos um acervo com uma entrevista do Joãosinho e, a partir disso, dramatizamos para que virasse um filme. Tudo isso forma uma composição e espetáculo visual, um modo criativo de contar a história", conta o caxiense Rodrigo, de 37 anos, do coletivo Baixada Filma.
Segundo o diretor, a ausência de obras sobre o personagem, que recebia artistas e políticos em seu terreiro, como Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e Dorival Caymmi, fez crescer a vontade de produzir o filme: "Eu já tinha uma trajetória de produção fílmica e intervenção documental na Baixada Fluminense. E decidi levar para a população uma obra audiovisual sobre o Joãosinho, já que só existiam produções acadêmicas. Acredito que o filme possibilitou trazer o personagem para um debate mais cultural, valorizando sua figura e simbolismo".
No Festival de Gramado, 'Joãosinho da Goméa - O Rei do Candomblé' disputará os prêmios nos seguintes quesitos: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Ator, Melhor Roteiro, Melhor Fotografia, Melhor Montagem, Melhor Trilha Musical, Melhor Direção de Arte e Melhor Desenho de Som. Um reconhecimento para os que trabalham com pouco ou nenhum incentivo para produzir arte na Baixada.
"Eu recebi a notícia das indicações com muito prazer e choque, porque não esperava. Há anos que envio produções para festivais. Mas, com a pandemia, vários foram cancelados ou migraram para o mundo virtual, o que me fez achar que este ano não haveria grandes opções. Para mim, essa edição será a mais histórica de Gramado, onde vamos ter a chance de mostrar nosso trabalho", enfatiza Rodrigo.