A criatividade em tratar assuntos sérios como racismo, abuso de poder policial e questões da periferia com o bom humor estão fazendo o comediante de Nova Iguaçu Vitor André a se destacar nas redes sociais. O jovem de 23 anos é sucesso na internet e conhecido como "Super Choque Carioca", por fazer diversos vídeos humorísticos dublando cenas do popular desenho dos anos 2000. Muito parecido fisicamente com o personagem e com um jeito brincalhão, Vitor produz o "skate narrado", onde faz comentários em cima de vídeos dele próprio praticando o esporte, sempre com piadas e críticas atuais.
Vitor acredita que nasceu para o humor. De acordo com ele, desde criança era tido como o mais engraçado e brincalhão por onde passava e sempre gostou de fazer as pessoas darem risada. "Eu já nasci humorista, faço piada desde que me entendo por gente. Desde pequeno sempre fui espontâneo e hiperativo. Na escola, por exemplo, eu soltava piadinhas e todo mundo ria. Eu acho que eu sou humor, sempre gostei desse meio".
"A melhor coisa que eu sei fazer é fazer os outros rirem, porque então eu não posso viver disso?". Com esse pensamento em mente, o iguaçuano começou a investir na carreira de humorista. O "skate narrado" foi onde tudo começou. Vitor é também skatista e sentia que os vídeos do esporte seguiam todos um mesmo padrão, de manobras com uma música de fundo, o que por vezes era repetitivo. Para se diferenciar ele decidiu acrescentar comentários engraçados nos vídeos e postava tudo nas redes sociais. Logo, ele foi ganhando notoriedade pela originalidade do conteúdo.
"Um vídeo que tenho como marco foi um "skate narrado", que fiz no Engenhão, na época da água da Cedae com um sabor e cheiro estranhos. No vídeo, eu faço um monte de piadas com a água com gosto de terra, porque era o que estava em alta naquele momento. Esse clipe alcançou 1 milhão de views no Twitter, o que me fez sair de uns 500 seguidores para mais de 5 mil, fora os das outras redes sociais", comenta Vitor Andre.
Se a narração da prática do skateboard foi o primeiro passo, a dublagem de episódios do desenho super-choque foi o que ampliou o alcance do jovem comediante e o possibilitou atingir mais pessoas. Com o isolamento social imposto pela pandemia do novo coronavírus, o iguaçuano ficou sem poder produzir conteúdo, pois não tinha como sair de casa. Nesse contexto, após a brincadeira de um amigo com Vitor sobre a abertura do desenho, surgiu a ideia das dublagens.
"Eu sempre tentei ser o Super Choque. Não dava muito certo, mas depois que meu cabelo cresceu e fiz dreadlocks o pessoal abraçou a ideia. Na loja de roupas onde trabalho eu sou conhecido assim por clientes, pela galera do shopping e também por amigos. O Super Choque Carioca só confirmou ainda mais isso tudo. Quando lancei o vídeo fazendo piadas dublando o desenho já consegui 200 mil visualizações. Vi que estava dando certo e já corri para fazer os próximos episódios. Uma coisa curiosa é que eu nunca fiz roteiro para nada que eu faço, nunca sentei para montar texto, faço tudo de improviso, gosto da espontaneidade de fazer dessa forma. Me sinto orgulhoso em fazer 25 episódios improvisados que tem um sentido do começo ao fim", ressalta.
Atualmente o trabalho em uma loja de roupas no Shopping Nova Iguaçu, é a principal fonte de sustento de Vitor, além de seu trabalho como mestre de cerimônias, impossibilitado durante a pandemia. Os planos para o futuro são de investir na carreira de humorista.
"O super choque carioca me abriu portas e já posso dizer que mudou minha vida. Ganhei visualização e notoriedade inclusive de pessoas do meio humorístico, como Yuri Marçal, Gregório Duvivier e João seu Pimenta que elogiaram meu trabalho. O meu intuito é ser percebido pelos meus vídeos e ter oportunidades. Atingindo bastante gente eu vou chegar nas pessoas certas para realizar meus objetivos", finaliza Vitor.