Janaína de Azevedo aguarda Estado solucionar a falta de bolsas coletoras
 - Luciano Belford
Janaína de Azevedo aguarda Estado solucionar a falta de bolsas coletoras Luciano Belford
Por O Dia

O caos na rede pública de saúde do Rio não é novidade para ninguém. Mas, a cada dia que passa, os transtornos só aumentam e a população sofre ainda mais para conseguir atendimento de qualidade. Pacientes que precisam de bolsas de colostomia (coletoras de fezes) têm vivido um drama por conta do descaso do governo estadual. Há quase dez meses, dois mil usuários atendidos nos polos de Nova Iguaçu, Belford Roxo, Mesquita, Japeri, Itaguaí, Queimados, Seropédica e Nilópolis não estão recebendo os coletores, em falta no Sistema Único de Saúde (SUS).

Com a pandemia do novo coronavírus, a situação se agravou ainda mais. Além de ficarem sem as bolsas, estes pacientes tiveram que parar os protestos em função da proibição de aglomerações. Impossibilitados pelas circunstâncias, eles travam uma luta pela dignidade.

"O que nós queremos, enquanto movimento, é um olhar mais humanizado por parte do governo do Rio, que está ferindo o direito das pessoas com deficiência. Elas não estão tendo a oportunidade de ter uma mínima qualidade de vida. As autoridades estão cometendo crimes e não podemos ficar à mercê da morosidade dos governantes. O governo lançou uma ata para fornecer os produtos, mas isso deve levar cerca de quatro meses para ser resolvido. A gente sabe da demora e eles precisam ser responsabilizados", diz Ana Paula Batista, já ostomizada há 12 anos,  presidenta e coordenadora nacional do Movimento Ostomizados BR.

Ana afirma que há o repasse federal e questiona o Governo do Estado pela falha.

"A falta desse produto fere não só a carne, mas a alma de cada um que necessita e não pode ter o mínimo de convívio social. Nosso coração fica ferido e machucado com a negligência", ressalta.

À espera por uma solução, o jeito, para muitos, é contar com doações. É o caso da mãe de Criscilane Araújo, a Janaína de Azevedo, de 44 anos. Moradora de Nova Iguaçu, a filha conta que Janaína faz uso do produto há mais de uma década. Faz mais de 10 meses que não consegue uma bolsa sequer no SUS.

"As dificuldades não se limitam somente ao fato de não conseguirmos uma bolsa para minha mãe. Muitas vezes, não temos nem o dinheiro da passagem, já que moramos em Nova Iguaçu e precisamos nos deslocar bastante para tentar pegar o que procuramos. A gente sempre liga, deixa recado, mas nunca conseguimos a bolsa de estomia no SUS. É uma dificuldade muito grande e complicada", conta Criscilane.

Ela ainda conta como as doações são importantes nessas horas difíceis. "Na rede pública, é quase certo de não ter, na verdade. Eles prometem que vai chegar uma nova remessa e isso não dá em nada, como sempre. A solução que encontramos é pegar emprestado com amigos e conhecidos que fazem uso da bolsa. Pelo menos, é uma luz no fim do túnel para quem tenta várias vezes, mas no fim, fica sem", relata Janaína.

Você pode gostar
Comentários