Rodrigo Caê - Arquivo pessoal
Rodrigo CaêArquivo pessoal
Por O Dia

Em meio a tantas dificuldades vivenciadas pelos moradores da Baixada Fluminense e aos estigmas negativos atribuídos à região ao longo dos anos, não se pode negar algo que se tem de sobra por aqui: gente talentosa. Pratas da casa como o produtor cultural e cantor de rap Rodrigo Caê, 31, que acaba de lançar seu novo trabalho: o EP 'Baile Tenso'. Através da música, o artista traz reflexões sobre o cotidiano de quem vive na periferia. 

Nascido e criado em Belford Roxo, uma das cidades retratadas em seu trabalho, Caê aborda questões da rotina de um jovem morador da Baixada: distâncias, encontros, angústias, tretas, paranoias, quase-amores, encantamentos, chegada e retorno para casa. Todos os sentimentos de quem cruza vidas e municípios.

"A ideia de Baile Tenso é fazer você se conhecer e se permitir e, ao mesmo tempo, saber os riscos que isso envolve quando se é da periferia. Nesse locais, há muito esse fator dos perigos, ou seja, acaba sendo meio que necessário sair sempre junto com os amigos para os lugares, evitando problemas. O fator dos transportes também é muito problemático, já que muitas vezes não tem", explica Rodrigo.

Em 'Baile Tenso', Belford Roxo e Rio de Janeiro, onde Caê fez uma série de trabalhos, foram ilustrados nas quatro faixas. Nestes constantes trajetos entre metrópole e Baixada, o artista relata que "muitas questões foram desvendadas ao atravessar a Dutra e ver a quantidade de caminhos, esquinas e encruzilhadas que cortam e costuram todo este ir e vir diário".

Além de enxergar de modo diferente os percursos entre Rio e Baixada, Rodrigo Caê vê no rap uma esperança de vida melhor para aqueles que se envolvem com esse gênero musical. "Para a Baixada, (o rap) é de extrema importância, porque é uma ótima tecnologia social que a gente tem para gerar inclusão. Para mim, é a principal ferramenta artística e cultural de desenvolvimento da mente e influência das crianças. Por meio dele, é possível fazer a inserção na sociedade daqueles grupos que se sentem como minoria."

Impacto da pandemia

Apesar de viver no mundo da música e estar acostumado a viajar e fazer shows pelas cidades, Rodrigo teve que se readaptar ao novo normal quando a pandemia do novo coronavírus chegou, já que qualquer tipo de evento e aglomeração havia sido cancelado no país. O artista conta as dificuldades que esse momento de quarentena lhe trouxe e como fez para se sustentar durante o período de isolamento.

"A pandemia acabou pegando todo mundo de surpresa. Sempre tive grande parte da minha renda em cima de shows e concertos, mas com a suspensão dos eventos, abalou bastante. Em abril, eu tinha muitos trampos agendados, porém, tudo acabou indo por terra. Eu consegui me manter por conta das economias que fiz no passado. Além disso, ainda tive a sorte de arrumar um emprego como gestor de conteúdo durante a pandemia, o que me ajudou ainda mais a me estabilizar financeiramente e ter receita". 

Sobre a realidade do novo trabalho e as políticas da empresa em relação ao período de quarentena, Rodrigo explica que seus patrões são bem flexíveis e estão de acordo com o home office, tão falado nos últimos meses. "Lá, eu cuido da área de direitos autorais e monetização de conteúdo digital de músicas. Esse tempo nessa minha nova ocupação tem sido até tranquilo, a empresa é super responsável com essa questão da pandemia, estamos de casa mesmo e ainda não temos previsão de volta. Ser freelancer, atualmente, é até bom", esclarece.

 

 

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