Ator Higor Nery protagoniza 'Despesas Fixas', inspirado em reportagem de O Dia. Leandro Fazolla atua em 'Em Greve é Grande': histórias de esperança deram o tom - fotos Divulgação
Ator Higor Nery protagoniza 'Despesas Fixas', inspirado em reportagem de O Dia. Leandro Fazolla atua em 'Em Greve é Grande': histórias de esperança deram o tomfotos Divulgação
Por *André Arraes

A realidade da pandemia certas vezes se assemelha à ficção. Assim como nos filmes, na vida real a esperança ajuda a superar tempos difíceis, muitas vezes servindo de estímulo e alento para as pessoas. Pensando nisso a Cia. Cerne, de São João de Meriti, criou o projeto audiovisual "Do Jornal à Cena". Nele, são contadas histórias de superação e solidariedade noticiadas por jornais da região da Baixada Fluminense. A partir das notícias reais são criadas dramaturgias ficcionais que são interpretadas sob a forma de solos pelos três atores do elenco fixo da companhia: Leandro Fazolla, Gabriela Estolano, Higor Nery.

As três produções irão ao ar amanhã nas páginas do Instagram (@ciacerne) e YouTube da Cia. Cerne. Uma delas é sobre a ação da jornalista Marcelle Abreu, de 30 anos, que fez da quarentena um momento de investir tempo em algo que sempre gostou: a moda. E o melhor, unindo o estilo à solidariedade. Moradora de Nova Iguaçu, ela aprendeu a costurar durante o isolamento social e fez máscaras de proteção e as doou com o objetivo de ajudar o próximo. A boa ação de Marcelle serviu de inspiração para a história "O Feitiço de Vó Neide", criada pela companhia. Na ficção a jornalista Ana relembra seus tempos de infância onde passava os dias ao lado de sua avó na máquina de costura.

"Não imaginava que o projeto fosse me dar tantos frutos. Conheci muita gente linda, que faz um trabalho encantador pela Baixada Fluminense. E poder estender a mão a eles (povo) e somar de alguma forma, é maravilhoso. Então, ver um pouco dessa história retratada em um curta é bom demais, dá um orgulhinho, sabe?", conta a jornalista.

Marcelle ainda complementa falando que já perdeu as contas de quantas máscaras distribuiu durante as ações. "Parei de contar quando cheguei em 2 mil. No início, as pessoas começaram a me procurar querendo comprar, então também vendo", comemora ela.

Outras histórias

Os curtas contam outras duas histórias de solidariedade que aconteceram na Baixada Fluminense. "Em Greve é Grande", é uma trama inspirada em uma campanha de doação de alimentos promovida por um time de futebol amador. A equipe é formada por professores que se conheceram em uma greve da categoria. Na ficção, os atores recriam uma história imaginando esse primeiro encontro em meio a bombas de gás lacrimogêneo e gritos de ordem. O terceiro enredo é chamado de "Despesas Fixas". Nele, é criada uma narrativa em cima de uma matéria publicada em julho, em O Dia, sobre a iniciativa de um professor que resolveu criar uma "Árvore Biblioteca" em uma escola pública de Magé.

A produção não pode parar
Em greve é grande - Leandro Fazolla
Em greve é grande - Leandro Fazolla Divulgação
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"Do Jornal à Cena" foi contemplado pelo edital Cultura Presente nas Redes, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado do Rio de Janeiro e é um dentre vários projetos que a Cia. Cerne vem desenvolvendo neste período de pandemia e ao longo de seus sete anos. Os encontros e ensaios das cenas foram feitos de maneira virtual e todas as filmagens foram realizadas obedecendo às normas de isolamento social.

Um dos produtores e ator da companhia é Leandro Fazzola,32, que encena um dos curtas. Ele comenta sobre a motivação do projeto feito pelo grupo teatral.

"A gente queria falar um pouco da pandemia de alguma forma, mas não queria, necessariamente, trazer mais histórias trágicas comuns nesse período que já é tão complexo e pesado. Então a gente decidiu trazer histórias de esperança, de pessoas que estavam fazendo a diferença nessa pandemia", explica

Ainda de acordo com Leandro, tanto a produção quanto a filmagem e demais etapas do processo criativo até a conclusão dos curtas foram feitos sempre de maneira remota, respeitando as regras de distanciamento social. "Fizemos em formatos de solo para que cada um pudesse fazer isso dentro da sua própria casa. As matérias serviram como inspiração e criamos histórias a partir disso", comenta o produtor.
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