Por *André Arraes

A tradicional Beija-Flor de Nilópolis é querida em toda a Baixada Fluminense. E um dos corações que bate mais forte pela agremiação é o de Raissa Oliveira, rainha de bateria da Azul e Branca há 18 anos. Com 30 anos de idade, ela representa a escola desde os 12 e, ao longo da vida, sempre conciliou outros projetos e tarefas com a atuação na avenida. Ela é empresária do ramo fitness, jornalista, mãe da pequena Rhayalla, de um ano, esposa, sem deixar de dar atenção à nenhuma atividade. Ufa!

A vida corrida é uma realidade cada vez mais comum e com Raissa não é diferente. Quem a vê com o samba no pé e arrasando nos desfiles certamente não tem ideia do grande número de atividades que ela realiza no dia a dia. Mesmo com a chegada da primeira filha, a rainha de bateria conseguiu conciliar a vida profissional com a pessoal e os desfiles.

"Ser mãe não me limita a querer mais, pelo contrário, a minha filha só me dá mais força para eu vencer cada obstáculo e sempre batalhar no que quero e acredito. Quando soube que estava grávida, já sabia como ia me planejar, com quem ia deixar ela no dia do desfile, como seriam meus ensaios. Continuei com minha entrega à Beija-Flor porque meu vínculo com a escola é muito grande e nada me faz largar isso. E deu tudo certo, estava com minha filha, desfilando... Dá tempo de fazer tudo com carinho e dedicação", assegura.

O amor pelo samba e, acima de tudo, pela escola de Nilópolis, começou ainda na infância. A principal influência foi a mãe, Lucia Cristina, que tem a agremiação em um lugar especial no coração e sempre gostou da festa popular. Ainda criança, Raissa nunca perdia os desfiles da Azul e Branca e logo com 12 anos venceu o concurso "Pé do Futuro" da Rede Globo, o que a promoveu de passista mirim ao comando da bateria, como rainha. Ela é única a ocupar o posto de forma fixa e nunca desfilou por nenhuma outra agremiação.

"Acho que minha mãe passou esse amor pela Beija-Flor por dentro da barriga quando estava grávida de mim. Ela tinha muita vontade de desfilar no Carnaval, mas minha avó não deixava. Eu sempre fui incentivada por ela e minha família a tudo. Um belo dia eu visitei a quadra para nunca mais sair de lá. Tudo que eu construí eu devo ao samba, à Beija-Flor. Ela é mais que uma escola de samba, é uma escola de vida".

*Reportagem do estagiário André Arraes, sob supervisão de Gustavo Monteiro

Muito além da folia
A rainha de bateria Raissa de Oliveira na quadra da Beija-Flor de Nilópolis
A rainha de bateria Raissa de Oliveira na quadra da Beija-Flor de NilópolisDivulgação/Felipe Araújo
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Raissa estudava em colégio público, mas após se tornar rainha de bateria ela ganhou uma bolsa para estudar em uma instituição particular. O samba abriu portas também no ensino superior, ela fez faculdade de Jornalismo paga pelo patrono da agremiação de Nilópolis.
Nem durante a quarentena Raissa parou de produzir, criou o "Papo de Rainha", lives que aconteciam diariamente nas redes sociais da jornalista com o intuito de levar entretenimento e informação às pessoas, e tudo com a presença de nomes influentes como Sabrina Sato, Babu Santana, Mc Rebecca, Dudu Nobre e muito mais. Atualmente, a moradora ilustre de Nilópois acumula quase 150 mil seguidores no Instagram (@raissadeoliveirarainha)
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Lição para a vida toda
Raissa de Oliveira no dia a dia
Raissa de Oliveira no dia a dia Evton Ramos
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As escolas de samba vão muito além dos desfiles e, como praticamente foi criada dentro da Beija-Flor, Raissa assimilou conceitos de inclusão social e ajuda daqueles que mais precisam de assistência, já que é comum nos grupos a realização de ações sociais.
"Muitas pessoas ajudaram a mim e minha família. Meus pais nunca deixaram faltar nada, pois sempre trabalharam, mas tive minhas dificuldades, como qualquer família humilde. A Beija-Flor, desde quando entrei, sempre teve projetos sociais, iniciativas para ajudar o entorno, e a gente acaba aprendendo isso. Hoje eu posso ajudar e estar junto com o povo não só na hora da alegria, mas também na dor e no que faz a diferença. O carnaval sempre mostra que não é só aquele momento, mas a essência da festa é nessa união como um todo, de estarmos sempre preocupados com a vida das pessoas".
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