Se conversar com os mais velhos da sua família, eles podem te confirmar: morar nos subúrbios e ir à praia significava ir ali mesmo, nas orlas suburbanas. Banhadas pelas baías de Sepetiba e da Guanabara, as praias das zonas Norte e Oeste ficavam lotadas nos dias quentes. E coloca tempo nisso, já que hoje essas mesmas águas estão poluídas.
Na Zona Norte, as praias da Ilha do Governador, Ramos e Maria Angu, por exemplo, atendiam a população da região. Margeando a Avenida Brasil, conta minha mãe que o desafio para frequentá-las com meus avós, tios e tias, quando eram criança, passava por atravessar a via expressa em família; saíam do IAPI da Penha a pé rumo às areias de Ramos.
Na Zona Oeste, posso contar que ainda peguei, no início dos anos 90, as viagens da família do meu lado paterno à casa que meu avô tinha em Sepetiba. O auge era se banhar na Praia do Recôncavo. Ali próximo, Dona Luiza, ainda no bairro, e em Guaratiba, a Praia da Brisa, hoje sob mira da especulação imobiliária legal e ilegal.
Meu amigo arquiteto e urbanista, Rodrigo Bertamé, em sua pesquisa de mestrado calculou a orla suburbana: a extensão abrange as baías da Guanabara, de Sepetiba e Paquetá, totalizando quase 45km de extensão. Já a faixa de areia da "Cidade Maravilhosa", do Centro a Grumari, chega perto dos 40km.
Bertamé não só comprova os números baseado em dados, como também prova a deficiência dos governos que ocuparam a prefeitura do Rio até aqui quando o assunto é subúrbio. Tais números expostos deixam claro o quanto nunca foi da vontade política dessas gestões que os suburbanos e as suburbanas realmente desfrutassem daquilo que faz o nome do Rio para o mundo: a praia.