Nesta quarta-feira, Dia Nacional das Artes, em cidades como o Rio, as artes estão no grafite dos muros, nas poesias dos vagões dos trens, nos violões dos músicos de rua
Márcia Falcão mostra, através da pintura, um pouco do contexto da vivência suburbana com o infeliz quadro de violência urbana arquivo pessoal
Por O Dia
Rio - É nesta quarta-feira o Dia Nacional das Artes. E expressar os sentimentos através do canto, a pintura, da atuação, da fala, da escrita é o ofício do artista. Em cidades como o Rio de Janeiro, as artes estão no grafite dos muros, nas poesias dos vagões dos trens, nos violões dos músicos de rua. Mas nesses últimos anos, produtores e produtoras dessas traduções de sentimentos têm sido combatidos de diversas formas por governos reacionários.
Nos subúrbios cariocas, tão lembrados pela musicalidade das rodas de samba e montagens de funk, ambos que desceram os morros e saíram das favelas para ganhar o asfalto, artistas andam entre nós, produzindo suas vivências em nossos bairros, ganhando as redes sociais ou algum calçadão movimentado.
E é bem verdade que, no Rio, o valor sobre as expressões artísticas têm CEP; é nessa cidade que, por exemplo, mais da metade das salas de cinema e museus estão concentrados nas áreas mais ricas, distante dos subúrbios. É aqui também que as fachadas históricas e espaços culturais, obviamento nos subúrbios, são depreciados e abandonados por falta de preservação e consciência.
A essência do carioca vem de nossos subúrbios, e isso já é mais do que um fato. Apesar de histórico de perseguições e criminalizações de expressões artísticas que vêm de nossos bairros, jamais devemos esquecer que a Arte é uma ferramenta importantíssima de resistência cultural e crítica sobre esses ataques aos nossos modos de vida precarizados. E quando essas expressões vêm daqui, têm um sentido muito especial: o de repensar nossa cidade como um espaço em que o Rio precisa ser mais suburbano e os subúrbios muito mais cariocas.
Da Praça Seca, André Gabeh
Conheçam o André pelas redes sociais (Instagram: @euandregabeh)arquivo pessoal
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Músico, desenhista, ator e escritor. Se quero falar em expressões artísticas nos subúrbios, não tem como não lembrar, logo de primeira, do André. Sou suspeito para tecer qualquer tipo de comentário, já que o André é meu amigo pessoal; já participamos juntos de vários encontros culturais. E se tem uma pessoa que eu recomendo para que todos possam conhecer os livros, as músicas e os desenhos, essa pessoa é ele. Conheçam o André pelas redes sociais (Instagram: @euandregabeh).
De Irajá, Márcia Falcão
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Um dos bons exemplos dessa tradução de nossos cotidianos e territórios sai das tintas de Márcia Falcão. A irajaense já expôs sua arte no Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica, no Centro, mostrando a realidade de bairros como a Praça Seca. O quadro fez parte de uma obra que contou, através da pintura, um pouco do contexto da vivência suburbana com o infeliz quadro de violência urbana que faz vítimas diversas principalmente pelos subúrbios cariocas. Em seu Instagram (@marciafalcao_), Márcia expõe outros trabalhos que retratam nosso cotidiano.