Vista do Castelo Imperial de Santa Cruz, do livro 'Viagem pitoresca e histórica ao Brasil', publicado em 1839 por Jean-Baptista Debret - Divulgação/ARQUIVO NACIONAL
Vista do Castelo Imperial de Santa Cruz, do livro 'Viagem pitoresca e histórica ao Brasil', publicado em 1839 por Jean-Baptista DebretDivulgação/ARQUIVO NACIONAL
Por O Dia

Rio - Chegando ao centro de um dos bairros mais populosos do Brasil, encontramos um bloco de pedra bem em frente a uma loja de eletrodomésticos: ali, o Marco 11, demarcava a chegada nas terras imperiais de Santa Cruz, localizando quem vinha da então distante cidade, rumo aos interiores. A viagem começava em outro bairro também imperial, o de São Cristóvão, onde fica o palácio da Quinta da Boa Vista, residência real.

Quando falamos sobre o passado imperial do Rio de Janeiro, lembramos do Paço Imperial, no centro da cidade, e de São Cristóvão, que leva o título de bairro imperial em seu nome. Porém, esquecemos de outro bairro imperial, que acaba ficando — literalmente — nas margens da história.

Santa Cruz guarda em algumas ruas e prédios do bairro o seu passado histórico: em seu centro, temos as ruas D. Pedro I, Dona Januária e a Avenida Isabel; indo em direção à Avenida Brasil, passamos em frente ao hospital D. Pedro II, que tem à sua frente os muros de pedra da Casa do Sal, onde os trabalhadores da Fazenda Imperial recebiam seus salários. A sede desta mesma fazenda hoje abriga o 1º Batalhão de Engenharia de Combate Villagran Cabrita.

Antes de Petrópolis, o local era onde as famílias imperiais tiravam seus dias de veraneio. Era onde, por exemplo, D.João VI fazia suas caçadas e seus filhos, Pedro e Miguel, praticamente cresceram.

Conta a história que foi por lá também que o já crescido e futuro herdeiro do trono brasileiro, Pedro I, teria se reunido com José Bonifácio antes de declarar a independência do Brasil. Não só isso: teria sido onde o mesmo imperador passou seus dias de lua de mel com a princesa Leopoldina.

E foi com D. Pedro II, em 1842, que na Fazenda de Santa Cruz se instalou o primeiro telefone do Brasil, que ligava a localidade ao Paço Imperial.

Esses são só alguns fatos de uma história pouco contada nas páginas oficiais de nossa cidade, o que só prova que os subúrbios têm muito o que dizer não só para os cariocas, como para o Brasil!

 

Caminho Imperial
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Quem anda por alguns bairros dos subúrbios já se deparou com uma placa de aviso: "Caminho Imperial". Acontece que esse caminho é aquele mesmo que levava a realeza brasileira de São Cristóvão a Santa Cruz. O caminho tem o mesmo traçado até hoje e passa por importantes ruas e avenidas das zonas Norte e Oeste. São elas: Rua São Luís Gonzaga, Avenida Dom Hélder Câmara, Avenida Ernani Cardoso, Estrada Intendente Magalhães, Avenida Marechal Fontenelle, Avenida Santa Cruz, Rua Artur Rios, Avenida Cesário de Melo e Rua Felipe Cardoso.
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Matadouro público
Em 1881, com a presença do imperador D. Pedro II, é inaugurado oficialmente o matadouro que abasteceria de carne toda a cidade do Rio de Janeiro com o gado criado nas terras da fazenda e em propriedades particulares próximas. O matadouro foi transferido para o local em meados do século 19 e funcionou até a segunda metade do século 20. Um pouco afastado do centro do bairro, suas ruínas hoje dividem o terreno com uma escola técnica da FAETEC, no Largo do Bodegão. O palácio Princesa Isabel, que era a sede administrativa e residência do veterinário do local, hoje abriga o Ecomuseu de Santa Cruz.
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