Márcia, proprietária da Márcia Rainha T-Shirts - fotos Arquivo pessoal
Márcia, proprietária da Márcia Rainha T-Shirtsfotos Arquivo pessoal
Por Vitor Almeida

Márcia, 42, abriu a Márcia Rainha TShirts com R$ 700 que separou das economias de quando trabalhava com carteira assinada. O desemprego a fez seguir por outro caminho: "Apesar de ter um ótimo currículo na área comercial, com diversos cursos de reciclagem, não consegui me inserir no mercado após os 40", diz a moradora de Inhaúma, que voltaria a ser CLT mas de forma temporária só para reinvestir no seu negócio.

Hoje, o André Calixto, 35, é proprietário da Refrigeração Calixto. O morador de Campo Grande, após a chegada do desemprego em 2016, se dedicou àquilo para o qual afirma sempre ter gostado. "Investi o que ganhava das comissões dos meus antigos empregos. Vejo hoje o MEI como uma opção para quem sempre quis empreender, pois tem as taxas a serem pagas e linhas de crédito que ajudam quem está começando".

Em comum, além do desemprego, Márcia e André afirmam que, enquanto MEIs, a flexibilidade de agenda e horário é a grande vantagem, mas que o emprego de carteira assinada garante mais segurança.

 Ambos estão entre os cerca de 473 mil MEIs cariocas. Quatro em cada dez registros são de iniciativas que atuam na internet e/ou na rua, que é o caso dos dois.

Nossa cidade foi, do Brasil, a que mais perdeu empregos no ano passado: cerca de 6.600 postos de trabalho fechados. Nessa onda de incertezas sobre a realidade do trabalho, suburbanos e suburbanas estão se virando como podem para pagar as contas e colocar comida na mesa de forma digna. Nossas ruas são o maior exemplo; basta dar uma volta nos principais bairros e veremos, entre camelôs e entregadores, o reflexo de que o mundo do trabalho que conhecemos já não é mais o mesmo...

 

Estando nos dois lados
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Entretanto, nem todo MEI está desempregado. Há quem pague a taxa que varia entre R$ 53,25 e R$ 58,25 de olho na aposentadoria, já que o valor vale também como contribuição para a Previdência Social. É um importante debate a ser travado entre os dois lados da moeda: CLT, MEI ou ambos? Diante dessa pergunta, ficamos nós, cidadãos e cidadãs, esperando projetos e políticas públicas que aperfeiçoem essa nova realidade do trabalho em nossos dias, criando o ambiente favorável para escolhermos as opções.
E pelas redes sociais?
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Quais os impactos da vida na internet nessa realidade? Há quem abra sua pequena lojinha em sites ou ofereça seus produtos e serviços pelas redes sociais. Como ferramenta de sobrevivência diante do desemprego, suburbanos e suburbanas vão se virando nos "Joga pra Rolo" ou grupos de desapego de seus bairros. O problema é quando rola o calote: a exposição do devedor é certa, e não há 011 ligando o dia todo ou Serasa que dê jeito; a chamada é no desenrolo, com pitadas de vexame e humilhação virtual...
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