Não houve nenhum estudo detalhado, de forma minuciosa, que pudesse justificar tal atitude - Arquivo O Dia
Não houve nenhum estudo detalhado, de forma minuciosa, que pudesse justificar tal atitudeArquivo O Dia
Por O Dia
Rio - A pandemia veio para deixar mais abertas as veias doloridas do cotidiano suburbano carioca. Não bastasse o alto número de mortalidade em Campo Grande, bairro mais populoso da cidade, na última semana demos de cara com cicatrizes que não fecham, começando com a questão do transporte. A SuperVia deixou para extinguir o ramal Deodoro na segunda (8/6), dizendo integrá-lo ao Santa Cruz que, por sua vez, virou parador. Não houve nenhum estudo detalhado, de forma minuciosa, que pudesse justificar tal atitude. E para completar, estão jogando no colo de trabalhadores e trabalhadoras esse teste para, aí sim, decretar a definitivamente a medida.

Na prática, sabemos que não tem como dar certo, ainda mais quando os reflexos são sentidos no já lotado Japeri.

Na mesma semana, a Prefeitura do Rio decidiu abrir os shoppings da cidade. Pra quê? Somente para, no primeiro dia, terem que interditar o Norte Shopping, o maior da cidade. O motivo: excesso de clientes. Quem conhece o shopping sabe que, fora de um contexto de pandemia, seus corredores ficam lotadíssimos, mesmo sem datas festivas. Mas, nos termos de nossos dias, os corredores também ficaram cheios.

Duas situações que ilustram bem essas veias abertas: o descaso que parece ser perpétuo com o bem-estar de milhares de trabalhadores e trabalhadoras que, diariamente, passam muito mais tempo em translado de casa para o trabalho – e vice-versa – do que com suas famílias; e a falta de consciência para com o coletivo, pois não ter amor à própria vida é diferente de ter que arrastar os demais na sua sanha de se autodestruir.

É tempo de nós, suburbanos e suburbanas, começarmos a fechar essas veias abertas dos subúrbios cariocas!
 
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Diversificar os lazeres suburbanos
No caso dos shoppings, podemos encarar como o resultado de resumir o lazer ao consumo. Somado a isso, a falta de diversificação e manutenção de espaços de lazer nos subúrbios. Muitas praças são alvo de violência e vandalismo, o que, junto com a insegurança, acentua o problema. E aí escancaramos mais essa cicatriz: fragilidade na Educação, que nunca foi uma prioridade, já que Educação para pobre é tido como gasto. Hora de repensar os espaços e oportunidades de acessos à lazeres nos subúrbios para além dos shoppings. Chega de termos que ir para a Zona Sul quando queremos algo diferente!
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Trabalhar de casa e perto de casa
Os transtornos causados pela pandemia no comércio fortaleceram os debates sobre o micro e pequeno comércio. Redes de divulgação, troca de favores, vendas por sites… Alguns mecanismos foram colocados em prática para sanar os problemas econômicos de quem já trabalhava no ramo ou para quem se viu obrigado a entrar para a chamada informalidade. E tendo escancarado o problema do transporte, que também contou com aglomerações nos primeiros dias de abertura, acendemos aí a necessidade de explorar de forma prioritária não só a Educação, mas também a  propagação de postos de trabalhos em regiões suburbanas muito povoadas. É a hora de falarmos sobre repensar a cidade do Rio de Janeiro!