Reabertura das igrejas católicas tem causado aumento de infecções por Covid-19 entre padres e bispos - Arquivo pessoal
Reabertura das igrejas católicas tem causado aumento de infecções por Covid-19 entre padres e bisposArquivo pessoal
Por O Dia
Rio - Conta a história que em 1635 o dono das terras onde hoje é o bairro da Penha, capitão Baltazar, querendo ver sua vasta propriedade de cima, foi até o alto de um morro. Lá teria sido atacado por uma serpente. Ao pedir a proteção de Nossa Senhora da Penha de França, a santa mandou um lagarto, inimigo das serpentes, livrando-o do acidente. Em agradecimento, Baltazar mandou construir uma pequena capela no alto da pedra, que foi crescendo e se desenvolvendo até a imponente construção atual.

A famosa – e formosa – Igreja da Penha, hoje Basílica, é marca registrada do imaginário e história dos subúrbios cariocas. E, apesar da constante desvalorização de sua história, também pode ser incluída no roteiro de pontos turísticos do Rio. Este mês, completou 385 anos

Sua festa, que acontece todos os domingos de outubro, chegou a ser a segunda maior expressão religiosa do Brasil, sendo reconhecida por D. João VI e seus sucessores. Já no fim do Império e primeiras décadas da República, a Festa da Penha movimentava uma multidão e colocava a polícia em nervos; enquanto no alto da pedra se celebrava os ritos cristãos católicos, a festa dita profana rolava lá em baixo, em uma mistura de ritmos, comidas e aromas.

Para suburbanos e suburbanas cariocas, e principalmente da Zona Norte, moradores e originários da Leopoldina como eu, avistar a cidade lá do alto daquela pedra tem um simbolismo especial. E como não ficar arrepiado como toque da Ave Maria, que ecoa pelos bairros ao redor quando o relógio bate meio dia?

Parabéns a uma das nossas sete maravilhas suburbanas cariocas!
Abolicionistas no subúrbio da Leopoldina
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A Igreja da Penha faz parte de um período importante dos movimentos de abolição do trabalho escravo no Brasil: o quilombo abolicionista que ficava atrás da pedra onde está a basílica deu origem à Vila Cruzeiro. Na década de 1880, o Quilombo da Penha era um dos pontos de reunião e resistência de escravizados e ex-escravizados, republicanos e abolicionistas onde recebiam cobertura do padre Ricardo, defensor da queda do Império e do fim do trabalho escravo no país. Para chegar ao quilombo, era preciso atravessar os morros do Alemão, da Fé e do Juramento.
"Quem tem fé, sobe na igreja…
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… por mais alto que seja, de joelho ou de pé”. Seus 365 degraus não contam apenas histórias de grandes acontecimentos do país; por lá passam milhares de histórias, as das pessoas comuns, que cumprem suas promessas subindo a escadaria, segurando seus votos, velas e levando no coração os agradecimentos pelas graças alcançadas. Vestígios de histórias do cotidiano, de amores, superações e conquistas, que deixa em cada um dos 365 degraus um pouco dessa história de um Rio e de um Brasil repleto de esperança e que precisam ser ouvidos para uma real resgate do valor dos seus subúrbios e periferias.