Henry Borel morreu aos 4 anos de idade. Padrasto e mãe do menino foram acusados e estão presos por homicídio
Henry Borel morreu aos 4 anos de idade. Padrasto e mãe do menino foram acusados e estão presos por homicídioReprodução internet
Por O Dia
O país se chocou com o caso de Henry Borel, criança de 4 anos que morreu no último 8 de março, no Rio de Janeiro. Os laudos da necropsia de Henry informam que a causa da morte foi hemorragia interna e laceração no fígado causada por uma ação violenta. A principal linha de investigação aponta seu padrasto, o vereador Jairinho, e a mãe da criança, Monique Medeiros, como responsáveis pelo crime.

Esse caso é emblemático, mas se soma a milhares de outros registros no Brasil por violência infantil, tema desta semana do poscast Tá na Rede Especial, do jornal O Dia. Para esta conversa convidamos a psicóloga Cecília Cherques, formada pela UFRJ com especialização em infância e adolescência; e a advogada Bárbara Heliodora, especialista em Direito da Família e presidente da comissão de Alienação Parental da OAB.
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O engenheiro Leniel Borel, pai da vítima, já alertava para sinais que percebia no filho quando ele não queria voltar para a casa mãe, tanto que ele chegava a vomitar de nervoso. Para a psicóloga Cecília Cherques, uma criança possui padrões de comportamento quando essa rotina muda é possível perceber vários sinais que algo de errado está acontecendo. “O comportamento dela muda completamente. Ela não consegue dormir, se recusa a comer ou come demais. Quando consegue dormir tem pesadelos e ela evita a pessoa que a está maltratando. Não é muito difícil de ver”, afirma a doutora.

A maioria dos casos de abusos infantis acontece dentro do seio familiar. A especialista explica que esse índice é alto por uma combinação de fatores. Geralmente o abusador “é uma figura de autoridade e tem certeza da impunidade. E normalmente ele não acha que não está fazendo demais. E muitas vezes o resto da família é conivente, pois essa pessoa é o provedor dessa família.” Cecília continua dizendo que o melhor jeito para prevenir abusos infantis é “ficando muito atento”. Para ela, todos precisam “ficar de olho, abrir mão dos nossos preconceitos por achar que por estar no meio de uma família vai estar protegida, e não está! Precisamos prestar muita atenção no que a criança ou adolescente fala”, alertou.
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Violência e maus-tratos contra a criança e o adolescente são crimes previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e existem medidas legais para serem tomadas. A advogada Bárbara Heliodora explica que a sociedade precisa “se preocupar que a criança tenha acesso a uma fala qualificada de uma pessoa apta para entendê-la”. Para a especialista em Direito da Família, é necessário haver um trabalho multidisciplinar entre o campo jurídico e o psicológico para que as crianças recebam um tratamento humanizado e sejam ouvidas por profissionais qualificados para que seja entendida.

“Muitas vezes o abuso não deixa marcas. Falando nesse sentido, a gente tem que colocar essa criança para falar com pessoas que são capazes de escutar esse relato de uma forma profissional para poder entregar a ela uma escuta especializada”, conclui Bárbara.
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Com apresentação de Marina Ayres, integrante da equipe de Redes Sociais, este episódio do Tá na Rede está disponível nos principais agregadores de podcasts, além dos canais do O Dia no Instagram e Youtube.