Por GUSTAVO RIBEIRO

Moradores, com medo e acuados, evitam sair desde quarta-feira. Casas e carros destruídos por tiros. Quem vai trabalhar não tem hora para voltar. Comércio fechado, quintais invadidos, ruas desertas, metrô parado, trânsito interditado, dois moradores feridos e um homem morto. É um resumo da rotina na região dos morros do Juramento e Juramentinho, nos bairros de Vicente Carvalho, Vaz Lobo e Tomaz Coelho, há uma semana, com tiroteios intensificados há três dias em guerra entre facções rivais.

Morador de um dos acessos do Juramentinho, João Matheus Rodrigues Alves, 19 anos, foi um dos inocentes vítimas de bala perdida, quinta-feira à tarde. O jovem saiu às 16h, antes de o tiroteio recomeçar. Conversava com amigo na porta de casa quando um tiro atingiu o lado direito de seu rosto, perto do olho. Segundo parentes, o rapaz corre risco de perder parte da visão. Uma mulher, não identificada, foi baleada no pescoço, às 20h. Ambos foram socorridos no Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, e não correm risco de morrer.

Ainda na noite de quinta-feira, a Avenida Pastor Martin Luther King Jr. ficou interditada no trecho de Vicente de Carvalho por quase três horas, das 21h14 às 23h50. Voltar para casa foi difícil também no metrô. A estação de Thomaz Coelho foi fechada por causa dos tiroteios das 19h54 às 20h35. Até o fim da operação, um acesso permaneceu bloqueado. Um dos acessos da estação Vicente de Carvalho precisou ser interrompido das 19h53 até o fim da noite.

Nas redes sociais, a população questiona o motivo de a Polícia Militar não ter pedido apoio às Forças Armadas, como ocorreu na Rocinha. "Na Rocinha teve ajuda do Exército. O Juramento tem ajuda de quem?", postou um dos internautas. A PM confirmou que ainda não cogitou pedir reforço das tropas federais.

Moradores de diversos bairros como Irajá, Vaz Lobo, Colégio, Thomaz Coelho, Cavalcanti e Vista Alegre ouvem o barulho dos tiros. Os tiros atingiram carros e casas bem longe do ponto dos tiroteios, na Vila Kosmos e na Praça da Cetel, na Vila da Penha.

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