
Em meio a polêmica sobre a regra que previa nota zero para redação do Enem em caso de desrespeito aos direitos humanos, que foi derrubada pelo Supremo Tribunal Federal às vésperas do exame, o tema da dissertação sobre surdos foi classificado como 'inesperado' e surpreendeu até professores. Ontem, nos locais de prova do Rio, teve correria antes do fechamento dos portões e muitos atrasados não conseguiram fazer o exame.
Para o diretor pedagógico do Descomplica, Rafael Cunha, o tema 'Desafios para formação e educacional de surdos no Brasil' exigiu do candidato empatia em relação às minorias. "Essa especificidade não era esperada, mas o Enem manteve sua preocupação social em abordar um assunto voltado à inclusão", ressaltou Cunha. Para Patrícia Rezende, do Instituto Nacional de Educação de Surdos, o tema 'impactante' vai ampliar o debate sobre a pessoa com deficiência. "Trata-se de um assunto polêmico porque sofremos uma política que não condiz com a qualidade de ensino para surdos".
Esta edição do Enem teve o maior índice de faltas desde 2009. Dos 6,73 milhões de inscritos, 30,2% não compareceram ao exame em todo país. Ao todo, 273 pessoas foram eliminadas. Após a prova, o site do DIA (odia.ig.com.br), com o ProEnem, divulgou o gabarito extraoficial, que ficará disponível hoje. Além da redação, os candidatos tiveram que resolver 90 questões de Linguagens e Ciências Humanas, com assuntos que foram desde escravidão até a estrutura política do país.
Mesmo com as recomendações sobre o fechamento dos portões meia hora antes do exame, às 13h, muitos candidatos atrasados não fizeram a prova, como os amigos Mariana Alcantara, 16, e Derick Viana, 18. "Fico muito nervoso, então tomo remédio para dormir e perdi a hora. Estou muito frustrado", lamentou Derick. "Ele perdeu o horário e eu confundi o local da prova", completou Mariana, na porta de uma faculdade em Botafogo.
No próximo domingo, serão 4h30 de prova sobre Matemática e Ciências da Natureza e suas Tecnologias.