Ex-governador Anthony Garotinho chega ao IML 
do Rio para fazer exame 
de corpo de delito antes 
de ir para a cadeia - Estefan Radovicz/Agência O Dia
Ex-governador Anthony Garotinho chega ao IML do Rio para fazer exame de corpo de delito antes de ir para a cadeiaEstefan Radovicz/Agência O Dia
Por ADRIANA CRUZ

Um esquema de arrecadação de propina, com direito a braço armado e acordo político com o Partido da República (PR) para garantir eleições da legenda. Esta foi a base da denúncia do Ministério Público Eleitoral que resultou na prisão dos ex-governadores Anthony Garotinho e Rosinha Matheus ontem pela manhã. Outras três pessoas foram presas na operação da Polícia Federal batizada de Caixa DÁgua. As investigações mostraram ainda que, na Prefeitura de Campos, entre 2009 e 2016, pelo menos seis empresas com contratos de R$ 976,6 milhões, quando Rosinha era prefeita, foram pressionadas a fazer doações ilegais para garantir as campanhas de Anthony Garotinho e aliados.

O grupo JBS teria irrigado o esquema para garantir a estrutura de poder dos acusados em função de acordo que destinaria R$ 20 milhões para o PR, com o aval do presidente nacional da legenda, ex-senador e ministro dos Transportes do governo Dilma, Antônio Carlos Rodrigues, alvo de um dos mandados de prisão. Garotinho é presidente do partido no Rio. O bando contaria com o policial civil aposentado em 2012 Antônio Carlos Ribeiro da Silva, o Toninho, como o braço armado para pressionar empresários a manterem o 'caixa 2' da organização criminosa.

Ao todo, oito pessoas foram denunciadas à Justiça. Além dos mandados de prisão, o juiz eleitoral de Campos, Glaucenir Silva de Oliveira, expediu ainda dez mandados de busca e apreensão para Rio e São Paulo. A Justiça determinou bloqueio de bens de Garotinho e Rosinha, dos outros denunciados e das empresas Macro Engenharia e Ribeiro Azevedo Construções no valor de até R$ 6 milhões. Toninho é sócio da Ribeiro, que manteve contratos com a Prefeitura de Campos. Foram pedidos o afastamento de Rodrigues da presidência do PR e de Garotinho da direção regional.

O empresário André Luiz da Silva Rodrigues é um dos principais delatores do esquema. Dono das empresas Working e Ocean Link, revelou, que pressionado por Garotinho, para garantir dinheiro para campanha ao governo estadual em 2014, a Ocean Link fez contrato fraudulento de R$ 3 milhões com a JBS. A simulação do negócio foi acordada em reunião no comitê de campanha em Botafogo, em 2014. "Garotinho entrou na sala muito irritado, ficou em pé na cabeceira da mesa e disse: que seria breve e que precisava de R$ 5 milhões para a campanha e que era para cada um dos presentes dar R$ 1 milhão", disse em depoimento.

No encontro havia outros empresários que prestavam serviço à prefeitura, que apesar de a prefeita ser Rosinha, quem comandava era Garotinho. O deputado estadual Geraldo Pudim, do PMDB, testemunha, confirmou as declarações do delator. À época, Pudim era aliado de Garotinho. Os denunciados vão responder por corrupção, concussão, organização criminosa e falsidade na prestação das contas eleitorais. O PR não se pronunciou.

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