Servidores estaduais comemoraram ontem, em frente à Alerj, a volta dos deputados à prisão - Paulo Carneiro/Parceiro/Agência O Dia
Servidores estaduais comemoraram ontem, em frente à Alerj, a volta dos deputados à prisãoPaulo Carneiro/Parceiro/Agência O Dia
Por WILSON AQUINO

Nove deputados estaduais apresentaram ontem denúncia ao Conselho de Ética da Alerj pedindo a perda de mandato dos colegas presos, por quebra de decoro parlamentar. No documento, os deputados afirmam que Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi (todos do PMDB) "se beneficiaram com o recebimento de propina em razão de seus cargos", como demonstrou a Operação Cadeia Velha, deflagrada pelo Ministério Público Federal (MPF).

Entretanto, a possibilidade de a denúncia prosperar na Comissão é pequena, uma vez que os políticos, mesmo presos, mantêm sua influência no Parlamento. "Os três deputados são lideranças de projeto político que ruiu o Rio, mas ainda conta com uma maioria parlamentar. Vamos ver até quando", disse o deputado Flávio Serafini (PSOL), um dos que assinaram a denúncia. Como Albertassi e Melo são integrantes da Comissão de Ética, sendo o primeiro presidente, "essas vagas deverão ser preenchidas por indicação da bancada do PMDB na Casa", segundo a Alerj.

A representação foi enviada à Mesa Diretora da Casa, que terá até cinco dias úteis para analisar o conteúdo e encaminhá-la ou não ao Conselho de Ética. Em caso positivo, o prazo para que o inquérito seja concluído e votado no plenário é de até 90 dias. Picciani, Melo e Albertassi foram presos por determinação do TRF2, na quinta-feira passada. Porém, no dia seguinte, o plenário da Alerj deliberou pela soltura dos colegas e a ordem foi cumprida sem que a Justiça fosse comunicada. Anteontem, os desembargadores do Tribunal Regional Federal mandaram os três de volta para a cadeia, que ao contrário do nome da operação, é nova: foi inaugurada em maio para acolher o ex-governador Sérgio Cabral e seus cúmplices.

O filho de Picciani, Felipe, que está na mesma cadeia, teve a prisão temporária prorrogada por mais cinco dias, por ter faltado com a verdade no depoimento que prestou à PF. "Com efeito, as declarações de Felipe não se coadunam com as informações coligidas até agora na investigação", relatou o MPF no pedido de prorrogação. Outros três investigados também tiveram a prisão prorrogada, pelo mesmo motivo.

Ontem, o ministro Edson Fachin, do STF, decidiu levar à plenário o pedido da Procuradoria-Geral da República de anular a decisão da Alerj.

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