Paris - A ausência de Neymar na partida desta quarta-feira contra o Guingamp, a segunda consecutiva em jogos do Paris Saint-Germain, reforçou as suspeitas de que o craque está começando a entrar em rota de colisão com o clube. A imprensa local sustenta que ele estaria repensando a decisão de jogar a Liga 1, o Campeonato Francês, depois das vaias que recebeu no confronto contra o Dijon. Para apaziguar os ânimos, torcidas organizadas do PSG manifestaram apoio ao astro no estádio Parque dos Príncipes, em Paris, durante o jogo pela Copa da França.
O apoio dos organizados teria sido pedido pelo presidente do Paris Saint-Germain, Nasser Al-Khelaifi, assustado com a possibilidade de perder Neymar para o Real Madrid. Duas enormes faixas foram expostas nas arquibancadas. "Vaiar nossos jogadores é contra nossos valores", dizia a primeira. Logo abaixo, uma segunda mensagem completou: "Neymar-PSG-CUP unidos por Paris". CUP é o Collectif Ultras Paris (CUP), o conjunto das torcidas organizadas do clube.
A nova controvérsia envolvendo Neymar em Paris teve início há uma semana no jogo contra o Dijon, pelo Campeonato Francês. Ao final de uma apresentação de gala, na qual marcou quatro gols pela primeira vez em sua passagem pelo Paris Saint-Germain, o craque brasileiro foi vaiado por parte da torcida por não ter cedido ao uruguaio Cavani o pênalti que poderia tê-lo feito quebrar o recorde histórico de gols de um jogador pela equipe de Paris.
Contrariado, Neymar deixou o campo sem saudar a torcida. Após o episódio, o brasileiro não jogou na derrota por 2 a 1 para o Lyon, no final de semana, em função de uma lesão na coxa. Na última segunda-feira, participou normalmente do treinamento, brincou com os colegas e sorriu. Mas nesta quarta esteve mais uma vez ausente, na vitória por 4 a 2 sobre o Guingamp.
Também nesta quarta-feira, uma reportagem do jornal 'L’Équipe' informou que Neymar estaria insatisfeito não com o clube, mas com a qualidade da Liga 1, onde é o alvo preferido dos zagueiros. "A estrela brasileira, em privado, não esconde mais suas interrogações e dúvidas sobre sua aventura no Campeonato Francês Ele o acha com frequência muito defensivo e rude fisicamente", disse o períódico. "Neymar diz que na Espanha o jogo é mais aberto e que ele é menos sujeito às pancadas".
Cortejado pelo Real Madrid, o astro teria confidenciado a pessoas próximas que estaria disposto a retornar à Espanha, até mesmo baixando o seu salário, hoje de 31 milhões de euros (R$ 98,3 milhões) por ano. O presidente do clube madrileno, Florentino Pérez, estaria preparando uma oferta de 250 milhões de euros (R$ 792,5 milhões) ao Paris Saint-Germain, que poderia vir acompanhada da cessão de Cristiano Ronaldo.
Mas, depois de pagar caro pela maior transação da história do futebol mundial - R$ 820 milhões -, o presidente Nasser Al-Khelaifi teria fechado a porta a uma transferência em curto ou médio prazo. Esse seria um dos motivos que o levou a pedir à torcida que seja carinhosa com o brasileiro.
O CUP, aliás, já havia expressado apoio no último domingo, após a derrota para o Lyon, quando publicou uma foto histórica do clube com uma faixa com os dizeres: "Vaiar nossos jogadores é cuspir nas nossas cores".
A K-Soce Team, principal torcida no interior do CUP, também vem demonstrando estar de acordo com os pedidos para acalmar a tensão. "Não se vaia nossos jogadores, sobretudo após quatro gols e dois passes decisivos em um jogo", argumentou Mika, como é conhecido o vice-presidente do CUP. "Neymar veio ao PSG porque queria sair da sombra de Messi, ser o número 1. Dá pra sentir que ele precisa de afeição. É um jogador à parte, que raramente vimos em Paris. Não pode partir, senão teremos perdido tudo".