Rio - O aumento de 8,6% nas tarifas dos táxis, que passa a valer a partir da meia-noite de amanhã, não está sendo comemorado por boa parte dos motoristas de praça. Muito pelo contrário. Vários deles consideram que o reajuste chegou na hora errada e o maior temor é ver a clientela optar por outros caminhos. "Com certeza esse aumento pode contribuir para que percamos ainda mais passageiros para o Uber", preocupa-se o taxista Leandro Souza, 30.
O valor da bandeirada inicial passou de R$ 5,40 para R$ 5,50. O quilômetro rodado na bandeira 1 pulou de R$ 2,30 para R$ 2,50 e, na bandeira 2, de R$ 2,76 para R$ 3,00. A Secretaria de Transportes (SMTR) explicou que o reajuste é baseado no aumento de custos da operação do serviço nos anos de 2016 e 2017. O último aumento ocorreu em 2015.
"Isso foi um tiro no pé", reclamou Samir Ward, 40 anos, 15 deles como taxista. Ele lembra que os 33 mil táxis ainda terão que pagar R$ 300 ao Instituto de Pesos e Medidas do Estado do Rio de Janeiro (IPEM-RJ) para aferir o taxímetro. "É muito prejuízo", lamentou. Para o taxista João Carlos Arelu, 72 anos, o aumento iria acontecer mais cedo ou mais tarde. "Acredito que o reajuste não vai fazer com que clientes do táxi migrem para o Uber. Sou taxista há 35 anos e o segredo da profissão é tratar bem o cliente."
Os aplicativos que usam táxi devem acompanhar o reajuste definido pela SMTR. O 99, maior empresa brasileira de mobilidade urbana, confirmou que segue a política de preços da prefeitura para táxi. "Assim, passaremos a adotar a nova tarifa".
Enquanto taxistas torcem o nariz para o aumento, circularam nas redes sociais rumores de que motoristas do Uber planejariam paralisação para reivindicar reajuste nos preços. Nas ruas, a maioria nem sabia disso. "Não estou sabendo de nada sobre a possível manifestação", disse o motorista Gustavo Dias, 27 anos, que diz não acreditar que o reajuste de táxi beneficie o Uber. "As pessoas já têm suas preferências e um aumento de dez centavos não vai mudar a situação".