Rio - Ex-secretário de Obras da gestão do ex-prefeito Eduardo Paes, Alexandre Pinto voltou a ser preso pela operação Mãos à Obra, um desdobramento da Lava Jato, na manhã desta terça-feira. Ele foi encontrado em casa, em um condomínio de luxo, na Taquara, Zona Oeste do Rio, antes das 7h. Suspeito de comandar um esquema de propina nas obras do BRT TransBrasil, Alexandre já havia sido preso em agosto, na ação Rio 40 Graus, mas foi solto em novembro.
Ao todo, 80 policiais federais têm o objetivo de cumprir seis mandados de prisão preventiva, três de prisão temporária e 18 de busca e apreensão, no Rio, São Paulo e Brasília. Os mandados foram expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal. Por volta das 6h, os policiais chegaram no prédio da Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos, no Estácio. Até o momento, além do secretário, os agentes prenderam o ex-subsecretário de Obras Vagner de Costa Pereira, em Niterói, e o doleiro Juan Luís Bertran Bittlonch, na Barra da Tijuca.
Na ação, Rui Alves Margarido e Eder Parreira Vilela também foram presos: um em São Paulo e outro na cidade de São Caetano do Sul, na região do ABC. Eles são funcionários da empresa Dynatest Engenharia que participou das obras no corredor. O terceiro suspeito ainda não havia sido encontrado até às 8h.
Propinas no BRT
A operação investiga um esquema de propinas envolvendo obras do BRT TransBrasil, um sistema de transporte que ainda é construído na cidade e tem custo previsto e R$ 1,4 bilhão. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), os integrantes do grupo são suspeitos de receber R$ 35,5 milhões em propinas de obras públicas. O pedido de prisão se baseou na delação da empreiteira Carioca Engenharia.
Os delatores contaram que o valor era cobrado nas obras do corredor e nas de drenagem de córregos da Bacia de Jacarepaguá. Segundo o órgão, Alexandre teria realizado transações em nome da mãe e dos filhos para ocultar e dissimular a origem de patrimônio recebido ilicitamente, entre 2011 e 2014. O MPF destacou que ele é suspeito de cobrar 1% do valor das obras. De acordo com a denúncia, um funcionário do Ministério das Cidades também recebia a mesma parcela de propina, já que as ações recebiam recursos de Brasília.
O MPF explicou que, para ocultar a origem dos recursos, Alexandre recebeu depósitos em dinheiro por meio de conta poupança em nome de sua mãe, no valor de R$ 305 mil. "O ex-secretario de Obras também adquiriu diversos imoveis e realizou investimentos com valores obtidos com os crimes de corrupçao, porém sempre em nome de seus filhos para ocultar a propriedade dos bens e a origem dos recursos", completou o órgão.
Em meados de 2016, Alexandre realizou a transferência de vários imoveis para a empresa Atlas Administração de Imóveis Próprios, constituída em nome de seus filhos "exclusivamente com a finalidade de administrar o patrimônio imobiliário do ex-secretario de Obras".
Em agosto, quando ocorreu a primeira prisão de Alexandre, o ex-prefeito Eduardo Paes se pronunciou sobre o caso. No texto, o peemedebista demonstrou cautela e não descartou a possibilidade de confirmação das suspeitas em relação a seu ex-auxiliar.
"O Alexandre Pinto é um servidor de carreira da Prefeitura do Rio. A política não teve qualquer relação com sua nomeação para a função de secretário de Obras. Ao contrário! Caso confirmadas as acusações, será uma grande decepção o resultado dessa investigação", escreveu Paes.
Em nota, a Secretaria Municipal de Obras informou que os ex-secretários não exercem nenhum cargo no atual governo. "Ambos são engenheiros concursados da prefeitura e estão afastados sem salário desde o início do processo judicial. Havendo condenação perderão os cargos", completou. O DIA ainda não conseguiu contato com a defesa dos envolvidos. Procurada, a Dynatest Engenharia ainda não foi encontrada.