Rio - Para cada veículo zero km vendido no Brasil, cinco carros usados são comercializados, apontam dados da Federação Nacional de Produtores da Distribuição de Veículos Automotores Fenabrave. Em época de crise econômica, veículos seminovos, com até 3 anos de uso, em bom estado e com novas tecnologias embarcadas, se tornaram o 'sonho possível' dos brasileiros. Devido a grande oferta de carros usados, não é difícil se deparar com valores incompatíveis com a realidade, carros mau conservados ou até mesmo ofertas falsas.
Para comprar um veículo usado com o melhor custo-benefício, Mauricio Tilhe e Marcus Vinicius Martins, fundadores do site Venda Bem Seu Usado, que presta consultoria na venda de carros, e Taylon Ribeiro, dono da Lyons Seminovos, dão dicas para o comprador não cair em uma emboscada.
Detalhes na lataria
Não é preciso ser um especialista para perceber alguns pontos que podem indicar má conservação do veículo. Segundo Mauricio, é necessário estar atento a mudanças de tonalidade na pintura ou ondulações na lataria. Procure pequenas diferenças de largura entre as frestas das portas, mala ou do capô. Elas podem indicar que o carro passou por reparos. "Todos esses pontos são fáceis de serem visualizados e podem facilmente demonstrar que o veículo sofreu algum acidente grave no passado", explica Mauricio.
Manutenção do carro
Para os veículos com até três anos de fabricação, em geral, as revisões são realizadas em concessionária para manter a vigência da garantia. Nesse caso, peça o manual do carro para checar se todas as revisões estão em dia. Carros mais antigos podem exigir uma checagem diretamente no veículo. Mas não se preocupe, a maior parte dos equipamentos e funcionalidades podem ser testadas de forma simples. É o caso de retrovisores elétricos, ar condicionado, bancos de couro e bancos elétricos ou com aquecimento, travas e vidros elétricos, luzes do painel e estepe, entre outros.
Não se esqueça de ligar o carro e deixá-lo funcionando por alguns minutos. Segundo os especialistas, o teste é importante para verificar a temperatura e checar se há problema no escapamento. E tenha atenção ao tempo de vida útil dos pneus, amortecedores, bateria, correia dentada e freios. A informação consta no manual do fabricante, basta solicitá-lo ao vendedor, assim como os comprovantes de trocas realizadas. Observe se o veículo apresenta ruídos, trancos ou solavancos no motor, na direção ou na caixa de marcha, e procure a opinião de um mecânico profissional.
Segundo Taylon, em alguns casos os carros com menos de três anos ainda contam com garantia de fábrica. "O veículo pode ter, além da garantia do lojista, uma garantia do fabricante de um ou dois anos", informou o dono da loja multimarcas.
Encontro com o vendedor
Se a compra for feita com vendedor particular, é importante pesquisar com antecedência o perfil do dono do carro. Procure saber seu nome completo, o local de trabalho e o bairro em que mora. Utilize as redes sociais para obter ou checar as informações. Outra dica importante é evitar ir sozinho ao ponto de encontro, e não marcar no período da noite. "Recomendamos encontros à luz do dia, sempre em áreas de grande circulação, como estacionamentos de shoppings ou supermercados", explica Marcus Vinicius.
Faça um test drive
Segundo Taylon, essa é a melhor oportunidade para o comprador conhecer o carro, e o momento ideal para checar ruídos, trancos ou desalinhamentos. "Outro ponto importante é verificar a embreagem. Se o pedal estiver muito firme ou duro, a despesa para o conserto será elevada e isso deve ser levado em consideração na hora de negociar o preço final. O ideal é que engates de marcha sejam fáceis, sem folgas ou ruídos estranhos. O mesmo vale para mudanças em câmbio automático. Procure verificar também o alinhamento da direção, que não deve apresentar solavancos ou ruídos", diz Marcus Vinicius.
Negocie o valor final
O ideal é pesquisar alguns carros antes de fazer uma oferta final. No entanto, caso encontre as condições ideais, feche o negócio, principalmente se o perfil do vendedor for confiável.
Segundo Taylon, se a aquisição acontecer em lojas, o ideal é verificar a credibilidade da empresa, avaliar as condições do financiamento, taxas de juros, cobrança de taxas para a transferência do veículo e extras como IPVA pago. Ainda de acordo com o profissional, nem sempre as lojas cobrem problemas como vidro elétrico defeituoso ou ar-condicionado que não gela.
