Passistas mirins mostram que tem muito samba no pé na Marquês de Sapucaí - FOTOS DE Luciano Belford / Agencia O Dia
Passistas mirins mostram que tem muito samba no pé na Marquês de SapucaíFOTOS DE Luciano Belford / Agencia O Dia
Por RAFAEL NASCIMENTO

Rio - Em "Feitio de Oração", Noel Rosa imortalizou a lição de que 'ninguém aprende samba no colégio'. O que o compositor carioca não podia prever era o advento das escolas de samba mirins. E é deste celeiro de artistas do Carnaval carioca que saíram, nos últimos anos, dezenas de personalidades como Pretinho da Serrinha, Xande de Pilares, Dudu Nobre, Tinga e Igor Sorriso. Para mostrar a beleza e premiar o trabalho que a criançada vai levar à Marquês de Sapucaí, o DIA passará a incluir as escolas mirins no Prêmio Tamborim de Ouro, que consagra há décadas os destaques do Carnaval dos adultos.

"Estou muito feliz em ter as nossas crianças participando do Tamborim de Ouro. A partir de agora é uma responsabilidade ainda maior para nós. Já suamos a camisa e agora teremos que suar ainda mais. Mas a criançada está preparada e fará um belo desfile na terça-feira de carnaval", comemora Edson Marinho, presidente da Associação das Escolas de Samba Mirins (Aesm-Rio).

Em 16 agremiações, cerca de 15 mil crianças de todas as partes da cidade desfilarão na Sapucaí. Assim como nas escolas do Grupo Especial e e da Série A, os pequenos levam a sério o Carnaval. "Eu sou apaixonada pelo samba. Desde os 5 anos eu desfilo aqui. A minha primeira vez foi em 2013 quando saí na Golfinhos do Rio", conta a porta-bandeira mirim, da Associação das Escolas de Samba Mirins (Aesm-Rio), que representa as agremiações, Gabriela Duhan, de 9 anos.

Tirar nota boa é uma das exigências para desfilar. "Cobramos deles um comportamento bom com os pais e que estejam estudando e com notas azuis. Em troca oferecemos as fantasias para os pequenos", conta Edson Marinho.

Mãe coruja, a fisioterapeuta Mônica Raquel Duhan acompanha os dois filhos — o mestre-sala e a porta-bandeira — também diz que pega dos filhos. "Durante o ano eles ensaiam algumas vezes na semana, em uma escola de dança, e estudam. Nós (os pais) exigimos que eles sejam bons nas matérias", lembra. Mônica lembra que o Carnaval infantil representa responsabilidade e abre horizonte para os pequenos.

Neste ano desfilam: Tijuquinha do Borel, Golfinhos do Rio de Janeiro, Inocentes da Caprichosos, Ainda Existem Crianças da Vila Kennedy, Miúda da Cabuçu, Nova Geração do Estácio de Sá, Pimpolhos da Grande Rio, Filhos da Águia, Império do Futuro, Aprendizes do Salgueiro, Estrelinha da Mocidade, Corações Unidos do Ciep, Herdeiros da Vila, Petizes da Penha, Infantes do Lins e Mangueira do Amanhã. Cada escolinha terá 30 minutos para mostrar o seu melhor.

Menos verbas e mais dedicação
Publicidade
Em 2018, a preparação do desfile das escolas mirins está sendo feito à base do esforço e da dedicação. Por conta do corte de 50% no repasse da prefeitura, as agremiações estão contando com o apoio das escolas madrinhas e da força da comunidade. "Devemos lembrar que é importante que haja essa continuidade. As grandes escolas futuramente aproveitarão os nossos pequenos quando crescerem", lembra Marinho.
Todas as agremiações desfilarão com 50% a menos de crianças. Das 30 mil que passaram pela Sapucaí no ano passado, apenas 15 mil deverão estar ali neste ano. Segundo Aesm, os pouco mais de R$ 30 mil de subsídio para cada escola só saíram na última semana e não foi possível fazer muita coisa. Apesar disso, a expectativa é que as escolas, mesmo sem verba, façam um belo Carnaval.
Publicidade
Prêmio do DIA chega à 21ª edição
Publicidade
O tradicional Troféu Tamborim de Ouro, concedido pelo DIA para homenagear os maiores destaques do Carnaval, chega este ano à sua 21ª edição com a premiação da criançada por um júri especializado. Para o Grupo Especial, o prêmio será concedido à melhor bateria, melhor samba enredo, alegorias e outros quesitos.
Personalidades das escolas de samba, como a porta-bandeira da Beija-Flor, Selminha Sorriso, o mestre sala Claudinho, a atriz e rainha de bateria do Salgueiro Viviane Araújo e o carnavalesco Paulo Barros, já levaram o prêmio para casa. O Tamborim de Ouro foi criado para agraciar destaques do Carnaval, propiciando interação estreita entre o público e o mundo do samba, mas sem a intenção de concorrer com o julgamento oficial da Liesa.
Publicidade
Você pode gostar
Comentários