Rio - A Marinha do Brasil reforçou a segurança interna do Centro de Instrução Almirante Alexandrino (CIAA), na Penha, após a base militar ter sido alvo de ataques de bandidos da vizinha Favela Kelson's, controlada pelo Comando Vermelho (CV). A quadrilha tem ameaçado os militares, que por sua vez, se curvam às intimidações. O CIAA é o maior e mais diversificado centro de formação de praças da Força Naval.
De acordo com inquérito instaurado pela Marinha e divulgado pelo site de notícias G1, em 24 de janeiro três tiros foram disparados para dentro da unidade, tendo uma das balas atingido o ambulatório médico, que estava vazio. Três dias antes, um bandido de pistola escalou o muro que separa o quartel da favela e simplesmente mandou que os recrutas parassem a atividade física porque o barulho estava incomodando. E os militares obedeceram.
Em nota, a Marinha informou que "uma pessoa foi avistada em cima do muro" fazendo ameaças verbais aos "militares que estavam em prática de treinamento físico". "O CIAA instaurou um inquérito para apurar os fatos e reforçou a segurança interna para coibir a ocorrência de fatos similares", encerrou a nota. Outra medida tomada é preventiva. Equipes de socorro são mantidas de prontidão, diariamente, na eventualidade de algum incidente acontecer com os recrutas. A Marinha integra a força federal que deveria combater a violência descontrolada no Estado do Rio.
OUTROS PROBLEMAS
Não é de hoje que as Forças Armadas sofrem nas mãos das quadrilhas de traficantes. Outra unidade da Marinha, o Hospital Naval Marcílio Dias, no Lins, é alvo constante dos tiros da facção criminosa que controla o tráfico no bairro. Em 2014, durante ocupação no Complexo da maré, o cabo Michel Augusto Mikami foi morto a tiros quando fazia um patrulhamento na favela. Mikami foi promovido a sargento e ganhou a Medalha do Pacificador com Palma, a maior honraria concedida pelo Exército por atos de bravura, em tempos de paz.