Por leandro.eiro

Rio - Um sistema de compartilhamento de carros elétricos completa seis meses de funcionamento em Fortaleza. O Veículos Alternativos para Mobilidade, conhecido pela sigla VAMO, é fruto de uma parceria entre a prefeitura da cidade, o Hapvida Saúde e a Serttel. Contudo, algo que já é cultura em metrópoles de países do primeiro mundo, como Paris, Londres e Nova York, sequer é tendência nas grandes cidades brasileiras. A iniciativa na capital cearense é exceção. No Rio, por exemplo, o assunto ainda não está na pauta de discussões.

Sistema de compartilhamento de carros elétricos em Fortaleza funciona há seis meses por meio de parceria entre o poder público e a iniciativa privadaDivulgação

De acordo com Alexandre Rojas, professor de Engenharia de Transportes da Uerj, a solução seria bem-vinda, mas exigiria toda uma mudança cultural. “Seria muito bem-vindo. Veja quantas pessoas saem da sua cidade e estão no Rio, presisando do carro para se deslocar. Mas a nossa cultura ainda não está preparada para este tipo de serviço, vide os exemplos das bicicletas (o sistema de compartilhamento de bikes, que viraram alvo de furtos), que somem. O brasileiro se apropria do que não é dele”, critica o especialista.

Ele critica, ainda, a falta de empenho e iniciativas com meios de viabilizar o sistema de compartilhamento de carros em todo o país. Mas acredita que o Rio poderia ser beneficiado com soluções de mobilidade desse tipo. “Não haveria um impacto significativo, mas se reduziria problemas de vagas de estacionamento e carros circulando, o tráfego em si”, sinaliza. Rojas ainda vê na aplicação do sistema um salto na qualidade vida: “O carro elétrico para a cidade é interessante, transporta pessoas com mais conforto devido a ausência de ruído de motor”, analisa.

A área turística seria mais uma beneficiada com um sistema de compartilhamento de carros elétricos, pois facilitaria, na opinião do especialista, o deslocamento do turista pelas diversas atrações locais da cidade. “Para o turismo, seria muito interessante o sistema. O visitante usaria e deixaria o carro onde quisesse, tipo em um estacionamento. Poderia ser um estímulo ao setor”, propõe o professor.

Rio teve uma experiência com táxis elétricos%2C modelos Nissan Leaf. Cidade não tem estações de recargaDivulgação

Desinteresse

Rojas entende que a realidade de compartilhamento de carros está distante da realidade porque não há interesse dos agentes públicos e privados. O cidadão, por sua vez, segundo o especialista, ainda está apegado à cultura da posse. “É uma cultura antiga, de status, que é necessário possuir um carro, como símbolo de poder. É necessário ainda que a cultura da utilização e compartilhamento seja estimulada entre nós”, sugere.

Questionada sobre projetos para a modalidade, a Prefeitura do Rio, por meio da Secretaria Municipal de Transportes (SMTR), disse que “as tecnologias que podem ser aplicadas ao sistema de transportes do Rio de Janeiro são levadas em consideração, sempre priorizando o bem estar da população em seu deslocamento pela cidade. O sistema de carros compartilhados precisa ser avaliado quanto a sua viabilidade e aplicabilidade”.

VAMO: jovens entre 21 e 30 predominam no sistema

O VAMO possui 20 carros elétricos, distribuídos em 12 estações de compartilhamento na capital cearense. Em funcionamento desde setembro de 2016, o sistema já possui mais de 2 mil pessoas cadastradas. A faixa etária, dos 21 aos 30 anos, é a mais representativa entre os usuários e representa cerca de 39% do total de usuários cadastrados em maio último. O Hapvida Saúde, patrocinador do projeto, investiu mais de R$ 7 milhões.

Para poder retirar o carro das estações, é preciso que o motorista tenha um cadastro no VAMO, que deve ser feito pelo site do programa (vamofortaleza.com.br), preenchendo informações como nome completo, telefone, CPF, endereço e o número da carteira de motorista de habilitação B ou superior.

As informações serão verificadas pela Serttel, empresa de mobilidade, que entrará em contato com o cadastrado para agendar hora, data e estação de desejo do usuário para a assinatura do Termo de Responsabilidade, bem como para realizar test drive acompanhado de técnico.

Para fazer uso do sistema, por meio do site e do aplicativo para smartphone, os usuários poderão reservar carro elétrico disponível em qualquer uma das estações, tendo até 15 minutos para efetivar a retirada do veículo do local. Os carros elétricos poderão ser retirados, todos os dias, das 5h às 23h59, podendo ser devolvidos 24 horas por dia.

A tarifação do VAMO se dará conforme o tempo em que o carro estiver sendo utilizado. Para os primeiros 30 minutos de uso, o valor cobrado do usuário é de R$ 20, sendo este valor indivisível, ou seja, do primeiro minuto ao trigésimo minuto, o valor cobrado será fixo e totalizará R$ 20. Após meia-hora de uso, a cobrança se dará por minuto adicional, variando o custo do minuto conforme o tempo.

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