Toyota Corolla 2.0 GLI - Lucas Cardoso
Toyota Corolla 2.0 GLILucas Cardoso
Por Lucas Cardoso
Guaruja, São Paulo - Quando falamos de carros, a mudança de geração é quase sempre um divisor de águas. No caso do Corolla 2020, é mais do que isso. A 12ª geração do sedã japonês mudou tudo... e para melhor. Nossa primeira experiência com o carro-chefe da Toyota foi no Guarujá, litoral de São Paulo, em um trecho de 50 km com os dois tipos de motorização.

De cara, encaramos a versão de entrada GLI (R$ 99.990), que chega com o motor 2.0, agora com 177 cv e câmbio CVT de dez marchas simuladas. Logo ao entrar, uma sensação de estranheza positiva. O novo Corolla não tem nada de ‘careta’. O painel traz linhas mais vincadas e agressivas. As saídas de ar com acabamento cromado complementam a proposta atualizada. Com bom suporte para as pernas e costas, os bancos proporcionam ótimo encaixe para quem está atrás do volante — que, a propósito, tem formato menor e acabamento de couro já de série.
Toyota Corolla 2.0 GLI - Lucas Cardoso
Publicidade
Conectado

Um empurrão para cima, uma esticada nos braços e pronto: já está tudo ajustado para pisar no acelerador. Mas, antes disso, voltamos atenção para o multimídia. Ele agora conecta Android Auto e Apple CarPlay e define a rota até 25 km do local de partida. Definido o trajeto, pé no acelerador. Em ‘primeira marcha’, o comportamento do novo CVT com ‘toque de manual’ já mostra a que veio: deixar o sedã mais esperto. Não é que aquela tradicional morosidade dos câmbios com polias e correias tenha sumido, mas ela está praticamente imperceptível. Embalado, o sedã também desenvolve e entrega os 21,4 kgfm com facilidade.
Toyota Corolla Hybrid 2020 - Lucas Cardoso


O comportamento dinâmico do Corolla nunca foi alvo de críticas e isso não mudou. Pelo contrário, a impressão passada pelo modelo nas curvas sinuosas, subidas e descidas do trajeto ele parece ainda mais na mão e confortável. O sedã inclina menos e aponta sempre para a direção certa. Méritos também para a nova suspensão independente nas quatro rodas, no lugar do eixo de torção traseiro do modelo passado - e para a nova arquitetura novamente. Com isso, buracos e imperfeições do solo foram superadas quase sem nenhum reflexo para a cabine. O Corolla conseguiu ficar mais equilibrado.

Primeira parada e trocamos para a versão mais aguardada da linha, a Altis híbrida, que chega por R$ 124.990 com motor 1.8 l flex de quatro cilindros, capaz de entregar 101 cv de potência, e dois elétricos, de 78 cv. Chave presencial no bolso, basta aproximar a mão da porta para destravar o carro. Botão de partida acionado e nada de barulho. Isso mesmo. Só percebemos que o carro está ligado porque o painel em TFT de 7” mostra o motor elétrico principal em funcionamento. Parece mágica. Saímos e sem nenhum ruído permanecemos por cerca de 5 km. Na central multimídia, outro gráfico mostra o elétrico entregando potência para as rodas dianteiras.
Publicidade
Continuamos sem barulho até que uma pequena ladeira força o motor flex a trabalhar. Aí sim o som das partes mecânicas ressoa e sentimos a vibração. Nesse momento, os três motores trabalham em conjunto. Descida à vista e o modo de regeneração de energia entra em cena para alimentar o conjunto de baterias do híbrido, instalado embaixo do assento traseiro. Vale mencionar que o conjunto só acresce 50 kg de peso ao modelo. No trajeto, alternamos entre momentos só com os motores elétricos ativos, outros onde todos trabalhavam e, por último, situações em que só havia a recarga da bateria. Ao final do percurso, o resultado que todo motorista gostaria de ver: 21,6 km/l de consumo e autonomia para rodar mais de 850 km com o restante do tanque. O bolso agradece.

Requinte a bordo
O acabamento da versão Altis é ainda mais acertado que na GLI, com substituição das pequenas áreas de plástico fosco por black piano. Os bancos agora são 100% couro, com costuras em branco. O que não muda é o espaço interno. Tanto na versão 2.0 quanto na híbrida as dimensões são agradáveis para até cinco ocupantes. Na segunda fileira — mesmo com o assento regulado para um motorista com 1,80 m —, sobram, pelo menos, quatro dedos para o joelho encostar no banco dianteiro. O duto central baixo facilita a vida até do eventual quinto passageiro.
Publicidade
Mas nem tudo é evolução. Apesar de ter mudado bastante, o sedã ainda tem elementos que mereciam ser atualizados. A presença do antiquado 'pininho', que serve para alternar entre odômetro, trip2 e trip 2, é um exemplo disso. Aos conservadores motoristas, o freio de mão manual é um item indispensável, mas a transição natural seria trocá-lo pelo sistema elétrico, com botão.
A central multimídia de oito polegadas funciona bem e sem lentidão, mas tem grafismos ainda simples. A presença dos botões nas extremidades laterais facilita o uso, mas deixa a área do painel poluída. Outro detalhe negativo da central está no acabamento instalado na parte traseira da central que remete ao tubo de uma tv antiga. No geral, o Corolla 2020 é um salto em tanto para a Toyota no Brasil, que deve manter (e, quem sabe) até ampliar a hegemonia no segmento.