Belford Roxo - Nunca é tarde para aprender. A Secretaria de Educação de Belford Roxo realizou nesta quinta-feira (17/11) a cerimônia de abertura da "6ª edição do Vozes da EJA (Educação de Jovens e Adultos)", na Escola Municipal Sebastião Herculano de Mattos, no bairro Areia Branca. O tema deste ano foi: “Somos maiores que nossas cicatrizes – a poesia como prática de liberdade através da luta e resistência de Luiz Gama”. O projeto acontece desde 2017 refletindo e debatendo temas atuais. A EJA possui três mil alunos matriculados em 20 escolas municipais.
A sexta edição foi dividida em dois dias, com um dia dedicado aos professores e diretores com palestras e apresentações (17/11), e nesta sexta-feira (18/11) uma roda de conversa com práticas pedagógicas para os alunos. Idealizado e realizado pela Divisão de Educação de Jovens e Adultos, o Vozes da EJA tem o objetivo de incentivar a leitura e interdisciplinaridade desenvolvida ao longo do ano letivo pelas unidades escolares que atendem essa modalidade.
A cerimônia reuniu mais de 200 pessoas dentre alunos, professores, diretores, representantes do Fórum EJA RJ e integrantes da secretaria de Educação. Os estudantes expuseram diversas manifestações artísticas como apresentação musical, cartazes, esculturas, prosas e poesias, que foram aprofundadas nas salas de aula. Todos os trabalhos realizados foram baseados em uma redescoberta do patrono abolicionista do Brasil, Luiz Gama, e outras personalidades negras que ajudaram a construir a história do país.
A deputada federal e primeira-dama, Daniela do Waguinho (União Brasil), também considerada a Madrinha da Educação no município, esteve presente na cerimônia. “O evento me emocionou bastante e este ano tornou-se um grande encontro literário, sempre destacando temas valiosos e impactantes, por esses alunos que precisam conciliar trabalho e estudo”, ressaltou. “É notável o crescimento da Educação de Belford Roxo, com avanços significativos e cumprimento dos objetivos de levar conhecimento de qualidade para os alunos que estão buscando sonhos”, finalizou a deputada, que parabenizou o trabalho de professores, coordenadores e estudantes da EJA.
Na avaliação do secretário municipal de Educação, Denis Macedo, a EJA é uma boa oportunidade para quem não teve tempo de concluir o ensino regular. “Sempre é momento para estudar, não importa a idade. A EJA propicia essa grande oportunidade de recomeçar. Conheço muitos bons profissionais que vieram da EJA. O conhecimento é algo que ninguém pode tirar da pessoa. Tendo força de vontade conseguimos chegar aos nossos objetivos”, finalizou
A secretária especial de Assuntos Pedagógicos, Rosângela Garcia, representou a Secretaria de Educação no evento. “Nós somos a EJA, nós somos a resistência. Enfrentamos os desafios diários para transformar a vida de todos na sala de aula”, ressaltou. “Precisamos nos reinventar a cada encontro para compartilhar o ensinamento necessário. Aproveito para enaltecer o carinho, apoio e suporte de toda a nossa equipe incansável”, frisou Rosângela, ao lado da chefe de Ensino Fundamental Anos Finais, Simone Ramos.
Aos 87 anos, aposentado pisa primeira vez em uma escola
A chefe de Divisão de Educação de Jovens e Adultos, Thatiana Barbosa, pontuou sobre a importância do evento. “Celebramos hoje a culminância das ações realizadas no ano. Vamos continuar debatendo assuntos relevantes e atuais na sala de aula”, contou. “É importante lembrar que mais de 65% dos estudantes da EJA no Brasil são negros e estamos desenvolvendo uma educação com essa representatividade”, concluiu Thatiana, que também agradeceu a dedicação de todos os envolvidos na modalidade de ensino.
A palestrante e professora doutoranda em Educação, Verônica Cunha, apresentou o tema “Por que a EJA é a própria poesia"? “A EJA está sempre em movimento e crescimento. Sabemos que o aprendizado é o caminho”, frisou. “Continuem a estimular a sala de leitura, inspirem os alunos a acreditar nessa perspectiva. Explorem a arte de pintar palavras, sem medo de errar”, realçou Verônica.
O estudante da EJA de 87 anos, Emílio Bedersene, nunca havia pisado em uma escola anteriormente. “Trabalhei a minha vida toda e não sentei em uma cadeira de escola durante esse tempo. Depois de aposentado, descobri a EJA e vim aqui buscar esse aprendizado”, contou Emílio. “É uma benção ter aparecido a oportunidade de estudar. Quero viver essa experiência enquanto me for permitido”, resumiu Emílio, que está no terceiro ciclo de ensino.
As amigas Adenir Cavalcante, 63 anos, e Maria Carmélia, de 62 anos, estudam na Escola Municipal Sebastião Herculano de Mattos. “É importante nos posicionarmos em relação a temas como racismo e qualquer tipo de discriminação. Realizamos dinâmicas que agregaram muito nas aulas”, explicou Adenir. “Estamos retomando os estudos e é muito gratificante poder recomeçar e encerrar esse ciclo que deixamos em aberto. A EJA é revigorante, é inovadora”, completou Maria Carmélia.
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