A reportagem procurou a assessoria da Secti, que, em nota, não deu prazo algum para o inicio das atividades da unidade.
A reportagem procurou a assessoria da Secti, que, em nota, não deu prazo algum para o inicio das atividades da unidade.Arquivo
Por Renata Cristiane e Luiz F. Rodrigues
Há exatos 51 dias, em 22 de março, o agora governador – na época, interino – do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PSC), esteve em Cabo Frio, pela primeira vez e anunciou que o Hospital UNILAGOS seria arrendado para tratar pacientes com COVID-19 na Região dos Lagos.

Em entrevista ao O Dia, Castro disse que era “só resolver a papelada e botar para funcionar”. O governador afirmou que a unidade funcionaria ainda naquela semana, ou, no mais tardar, na semana seguinte. Pelo visto, a simplicidade aparente da fala do governador não resultou em nada além de frustração.

A situação virou um verdadeiro jogo de empurra. Nesta terça-feira (11), O Dia entrou em contato com a secretaria Estadual de Saúde, que disse que a responsabilidade sobre a questão, agora é da secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti). A reportagem procurou a assessoria da Secti, que, em nota, não deu prazo algum para o início das atividades da unidade. De acordo com a nota, como o Hospital UNILAGOS não estava funcionando, a equipe médica precisou fazer o levantamento de todos equipamentos, medicamentos e insumos necessários.

“Para abrir os leitos foi elaborado um plano de trabalho pela UERJ, que administrará o hospital com a Faculdade de Medicina. Cabe destacar ainda que, para viabilizar a reabertura o mais rápido possível, o proprietário do hospital tem mantido contato direto com representantes do estado”, explica a nota. Por fim, a secretaria afirma que “já está em andamento a celebração dos contratos administrativos, formalidades essenciais para o retorno”.
Da promessa feita até hoje, o que se viu foi um contágio monstruoso da COVID-19, - Arquivo
Da promessa feita até hoje, o que se viu foi um contágio monstruoso da COVID-19,Arquivo
A última atualização recebida sobre a unidade até então havia sido no dia 06 de abril, há mais de um mês, quando a Secti informou que, durante reunião entre técnicos da pasta, foi finalizado um plano de trabalho para abertura da unidade. A nota esclareceu que o documento seria encaminhado à secretaria de Saúde, que iria analisar a possibilidade de descentralizar recursos para que a Secti, por meio da Uerj, administre a unidade, fornecendo profissionais e equipamentos.
Sem qualquer previsão, a nota concluiu que “o objetivo é que a população seja atendida na unidade nas próximas semanas, aumentando o número de leitos no enfrentamento à pandemia na região”.
Da promessa feita até hoje, o que se viu foi um contágio monstruoso da COVID-19, em especial, em Cabo Frio, mais populoso município da Região dos Lagos. Em 22 de março, com 11 meses de Pandemia, a cidade tinha 8.102 casos confirmados da doença, com 382 óbitos.
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No boletim dessa terça-feira (11), são 10.037 casos confirmados e 528 mortes. Ou seja, em apenas 50 dias, foram 1.935 testes positivos para a COVID e 146 óbitos. Aproximadamente, uma morte a cada 8 horas.
A Prefeitura de Cabo Frio foi questionada pela reportagem se recebeu algum prazo do Estado para funcionamento do UNILAGOS. Por meio de nota, o município se limitou a ressaltar que “o hospital é uma unidade de saúde particular, e que aguarda as definições do Governo do Estado sobre a promessa de reabrir o local”.

Assim como a secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação, O Dia procurou o Núcleo do Interior do Governo do Estado e também não obteve resposta com o setor.