Início da devolução dos pagamentos era prevista para esta quarta-feira (1), segundo Capitão Diogo, dono da Consultoria. Rede social

Depois de deixar clientes insatisfeitos com diversas promessas de pagamento e devolução do capital, a Spartacus Consultoria deixou investidores mais uma vez na mão. O início da devolução dos valores estava previsto para esta quarta-feira (1), mas foi adiado novamente junto com mais uma promessa de resolução, essa sem data de previsão. Através de uma nota, o ex-capitão da PM e ex-candidato a prefeito Diogo Souza da Silveira, dono da Spartacus, afirmou que a “consolidação de algumas das soluções tem seu próprio tempo para acontecer”.

Cada vez menos esperançosos e se sentindo lesados com o possível ‘calote’, clientes da Spartacus estão organizando um protesto na frente da sede da 126ª Delegacia Policial, na intenção de pressionar a abertura de um inquérito pelo “prejuízo de quase 100 milhões de reais em esquema de pirâmide financeira” a, pelo o que os próprios afirmam, cerca de 1.800 pessoas.

Com a demora, as vítimas, que confiaram economias ao capitão por conta da confiança que ele transmitia, continuam se endividando. “Eu entrei na empresa pois o Capitão Diogo é muito conhecido na cidade. Até então uma pessoa de bom caráter, até tido como um herói de farda. Participei de uma das reuniões que ele fez no final de outubro, onde ele se comprometeu a devolver 5% do capital no dia 1/12. Inclusive ele informou que seria um percentual tranquilo de fazer a devolução, que ele já estava com um trader que iria começar a pagar em 15 dias, então ele poderia efetuar o pagamento”, conta uma das lesadas.

A cliente, que prefere não se identificar, acredita que Capitão Diogo se acha ‘intocável’. “Ele disse que não tem mais dinheiro nenhum, só que ele anda de carro importado, com seguranças, vive em balada, bebendo, andando de lancha. E o pessoal sem ter nem o que comer em casa. Ele sente certeza que não acontece nada com ele aqui. Na reunião ele foi indagado se não teria medo de ser preso, e disse que não tinha medo de ser preso e nem que acontecesse algo com ele, porque ele fez uma cartela de clientes com nível social melhor.”, completou.
Início da devolução dos pagamentos era prevista para esta quarta-feira (1), segundo Capitão Diogo, dono da Consultoria.  - Rede social
Início da devolução dos pagamentos era prevista para esta quarta-feira (1), segundo Capitão Diogo, dono da Consultoria. Rede social
Entenda o caso
Inicialmente a empresa com sede em Cabo Frio prometia 14% de rendimentos, oriundos de trades de criptomoedas. A primeira quebra de contrato veio com o anúncio da redução do lucro para apenas 5%. Depois disso, a empresa anunciou o encerramento das atividades com a promessa de devolução do capital investido.

Preocupados com a demora no retorno e com o possível ‘calote’ da Spartacus, centenas de investidores prejudicados se reuniram por meio de grupos nas redes sociais trocando informações sobre o atraso nos pagamentos e cobrando respostas.

Após diversas promessas e justificativas, o empresário afirmou em uma reunião realizada no final de outubro, que iria iniciar a devolução do capital pagando o percentual de 5% sobre o que foi investido de forma parcelada. A devolução foi programada para ter início nesta quarta-feira (1), mas não foi realizada.

O caso se tornou ainda mais polêmico pela proximidade do empresário com o Deputado Filippe Poubel. Acusado de também fazer parte da consultoria, o parlamentar que é sócio de Diogo no restaurante Buda Lounge, esclareceu que não faz parte de nenhuma sociedade de criptomoedas.
O que diz a Spartacus
Depois de mais uma promessa não cumprida, Capitão Diogo emitiu um comunicado dando justificativas e fazendo, o que o mesmo chamou de ‘desabafo’. Confira na íntegra:
“Boa tarde a todos clientes Spartacus, hoje dia 1 de dezembro de 2021 venho por meio desta nota esclarecer a atual conjuntura que nos encontramos. Todos estão cientes dos problemas que enfrentamos referente ao capital da empresa e a devolução dos valores aos clientes, pois trabalhamos nesse período com a diversificação das operações visando dar maior segurança. Porém fomos acometidos de situações que não imaginávamos, e o que visou trazer maior segurança na verdade gerou todo esse problema.

A grande maioria dos senhores optou em aplicar na empresa por confiarem em mim ou até por optarem em diversificar também, o que aumenta ainda mais a nossa responsabilidade de honrar com todos. Infelizmente não está sendo como queríamos, muitas coisas independem apenas do nosso esforço, já que tem o tempo delas para acontecer. Não viso ganhar tempo e ficar criando expectativas fora da realidade, mas sim trabalhar com transparência e seriedade, a mesma seriedade que agi em tudo na minha vida, e não será por causa desse problema que perderei essa característica.

Algumas datas foram faladas por mim como sendo a minha expectativa de início de devolução, pois de acordo com as condições normais existia essa possibilidade, como por exemplo inicialmente falei da pretensão do dia 1. (Hoje) como sendo uma delas. Mas a consolidação de algumas das soluções que buscamos tem seu próprio tempo para acontecer, e ficar dando datas antes delas acontecerem causam expectativas minhas e dos senhores, e consequentemente a frustração quando não acontece, gerando uma insatisfação ainda maior e uma cobrança interna e externa que causam esse desconforto.

Durante toda a minha vida sempre priorizei a honestidade e a bondade como base de qualquer atitude profissional ou pessoal, e podem ter certeza que isso não mudou. Nunca me beneficiei de nada que não fosse meu próprio esforço e trabalho, e fui o maior investidor da empresa, sendo também quem mais perdeu. Porém nada disso importa, que o que mais me cobro é em resolver a pendência com todos, mesmo que não seja no tempo que eu queira ou que os senhores queiram.

Não temos hoje a possibilidade de cometer erros, mas esses erros existiram? Sim, quem não erra? Mas qual o intuito disso? Com certeza foi o melhor de todos, de ajudar e de poder preservar a todos, porém as adversidades acontecerem, já que falamos de um mercado altamente arriscado. Poderia me basear em várias coisas pra tentar me eximir da responsabilidade, mas nunca faria isso, assumo todas elas e sigo pelo caminho mais difícil que é o de resolver, onde venho sendo julgado a todo instante, talvez mais do que todos, porém sei que se deve a ter tido a maior confiança depositada e ter decepcionado muitas pessoas. Essa nota escrevo aproveitando para dar uma satisfação e também para um desabafo daquilo que acabo acumulando sozinho.

Existe a possibilidade de se resolver? Só não vai existir se desistirmos, e isso não esperem de mim. Venho trabalhando arduamente para que iniciemos logo, de forma segura, as operações que vão nos dar robustez para isso. Não posso me permitir resolver o problema de uma dúzia e deixar com que todos os outros percam a esperança. Por isso venho pedir como nunca pedi diretamente a confiança de todos que lá atras confiaram em mim, que os pensamentos positivos sejam direcionados para a resolução dos problemas e não para ocasionar outros. Sempre estive aqui disposto a dar a cara a tapa, a ouvir e a falar com qualquer um, e isso não é sinônimo de covardia, significa coragem para enfrentar tudo isso. Não sou o primeiro a passar por isso e nem serei o ultimo, mas conheci vários casos de como lidar com o que estou passando, desde pessoas que fugiram, se mataram, até pessoas que conseguiram honrar com todos por não desistir e é nesse exemplo que me apego e foco.

Quero pedir desculpas a todos por estarem passa do por isso, mas quero trazer a esperança de que do outro lado tem alguém lutando diariamente para que ninguém saia prejudicado. As possibilidades são concretas como falei, mas dependem do seu tempo natural para acontecer, e não tenho dúvidas que ao iniciar, tudo vai começar a se encaixar para que cheguemos ao fim desse período de dificuldades! Assino aqui essa nota assumindo total responsabilidade com todos e pedindo encarecidamente a compreensão, pois temos que pensar no coletivo. Tenhamos todos um mês que se inicia com esperança e muito trabalho pela frente! Diogo Souza“